Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa superou os 95 mil pontos na tarde desta quinta-feira pela primeira vez na história, puxado principalmente pelo avanço de mais de 2 por cento das ações da mineradora Vale (SA:VALE3), mas também pela continuidade de apostas favoráveis para a proposta de reforma da Previdência.
Às 17:28, o Ibovespa subia 0,99 por cento, a 95.331,33 pontos. Na máxima até o momento, chegou a 95.376,94 pontos. O giro financeiro somava 12,8 bilhões de reais.
Profissionais da área de renda variável citavam como gatilho para a melhora da bolsa notícias de que a equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro, liderada por Paulo Guedes, detalhará a proposta da reforma da Previdência durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, na próxima semana.
"A expectativa era de que Bolsonaro falasse sobre a proposta apenas na volta de Davos. Mas agora há a perspectiva de que Guedes fale durante o Fórum. Com o mercado querendo subir, serve como argumento", disse Frederico Mesnik, sócio-fundador da Trígono Capital.
Uma fonte do governo afirmou nesta quinta-feira que o ministro da Economia irá replicar em Davos os pontos que levantou no seu discurso de posse, sendo a reforma da Previdência o primeiro pilar da agenda econômica brasileira que será apresentada.
"A bolsa melhorou com notícias de que foco do governo em Davos será a reforma da Previdência e privatizações, além da notícia de queda da tarifa de importação", observou Pedro Menezes, membro do comitê de investimento de ações e sócio da Occam Brasil Gestão de Recursos.
Wall Street também ensaiava melhora, após uma abertura mais fraca, corroborando ganhos no pregão brasileiro. O S&P 500 avançava 0,3 por cento, com ações de empresas de saúde e do setor industrial contribuindo positivamente, enquanto bancos pesavam após resultado do Morgan Stanley (NYSE:MS).
DESTAQUES
- VALE subia 2,34 por cento, apoiada em expectativas positivas para a mineradora. No começo do mês, analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) reforçaram a recomendação de compra para os papéis, afirmando que a Vale continua a dominar o mercado de minério de ferro de alta qualidade e é uma das principais beneficiárias da tendência de 'fuga para a qualidade' da indústria.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) avançava 1,37 por cento, na contramão dos preços do petróleo no exterior, tendo no radar notícias como a de que retomará a venda da participação na Transportadora Associada de Gás (TAG). PETROBRAS ON (SA:PETR3) subia 1,26 por cento.
- LOCALIZA avançava 5,68 por cento, após a empresa de aluguel de veículos e gestão de frota afirmar que está avaliando a possibilidade da realização de uma oferta pública de distribuição primária de ações, mas sem fornecer mais detalhes. O Bradesco BBI elevou a ação para 'outperform'.
- BRF (SA:BRFS3) subia 6,8 por cento, recuperando-se após fechar em queda nos últimos cinco pregões, período em que acumulou declínio de 5,65 por cento.
- ESTÁCIO subia 5,52 por cento. Em relatório, o Bradesco BBI classificou o papel como 'outperform', dizendo que a empresa está bem posicionada para lidar com os desafios de curto e médio prazos do setor. KROTON (SA:KROT3), que recebeu recomendação 'neutra', avançava 2,93 por cento.
- EMBRAER (SA:EMBR3) caía 3,91 por cento, ainda pressionada por previsões divulgadas pela companhia na véspera. O Morgan Stanley cortou a recomendação dos ADRs da empresa para 'equal weight', citando perspectiva de recuperação mais lenta nas divisões de defesa e jatos executivos, entre outros.
- SUZANO caía 2,17 por cento, também corrigindo parte da valorização recente, com alta de mais de 20 por cento nos últimos sete pregões.
- ITAÚ UNIBANCO PN tinha variação negativa de 0,13 por cento, enquanto BRADESCO PN (SA:BBDC4) subia 0,26 por cento. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) ganhava 0,25 por cento. O Itaú BBA reiterou recomendação 'outperform' para o BB e elevou o preço-alvo para 56 reais por ação, de 48 reais anteriormente.