Por Ana Carolina Siedschlag
Investing.com - O Ibovespa Futuros abriu em queda nesta quinta-feira (12), seguindo a pausa no rali de alta das bolsas europeias e dos futuros americanos, que puxaram o freio no otimismo com a vacina por conta do aumento do número de casos de coronavírus principalmente nos EUA.
O futuro do principal índice brasileiro caía 0,11%, a 105.010 pontos, às 09h09, indicando abertura em queda do Ibovespa. No exterior, os futuros do Dow Jones Futuros e do S&P 500 Futuros caíam 0,41% e 0,08%, respectivamente, enquanto o do Nasdaq 100 Futuros subia 0,44%, numa interrupção do movimento da semana de reposicionamento em ações cíclicas em detrimento das de tecnologia, concentradas principalmente no Nasdaq.
Na Europa, o Stoxx Europe 600, o principal índice da região, caía 0,20%, seguindo também o pregão chinês, em que dados mostraram que os novos empréstimos bancários na China caíram no mês passado mais do que o esperado, chegando ao nível mais baixo em um ano. Assim, as ações bancárias locais recuaram, com o subíndice do setor do Shanghai Shenzhen CSI 300, negociado em Xangai, terminando em baixa de 1,1%.
No entanto, o principal mitigante do bom humor do início da semana são as novas restrições de aglomeração em Nova York e San Francisco, anunciadas para conter o aumento exponencial de casos em território americano. Ontem, o país chegou a mais de dez milhões de casos da doença, com a capital nova-iorquina impondo limitações contra reuniões e restaurantes.
Com isso, o Ouro Futuros para dezembro foi negociado no pregão asiático a US$ 1.868,35 por onça troy, com alta de 0,36%, sinalizando maior aversão ao risco, enquanto os contratos futuros para o petróleo mitigaram as fortes altas de ontem e subiam 0,14%, a US$ 43,86, no caso do Petróleo Brent Futuros, e 0,12%, a US$ 41,50, o Petróleo WTI Futuros.
Vírus no radar
Por aqui, o Brasil registrou na véspera 544 novos óbitos em decorrência da Covid-19, o que eleva o total de mortes pela doença no país a 163.373, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Também foram notificados 48.331 novos casos da doença provocada pelo coronavírus, com o total de infecções confirmadas no país atingindo 5.748.375, à medida que o ministério recupera números que ficaram desatualizados em função de problemas técnicos nos últimos dias.
Os hospitais particulares da cidade de São Paulo registraram aumento de internações por Covid-19 entre outubro e novembro, informa o jornal El País Brasil. Segundo a reportagem, o Hospital Sírio-Libanês teria realizado somente este mês 120 internações, acima da média de 85 a 110, e 30% delas em unidades de terapia intensivas. Tendência similar foi registrada no Hospital Israelita Albert Einstein e no Hospital do Coração, ou HCor. Os hospitais públicos não verificaram a mesma alta, diz o jornal, o que poderia estar ligado à ida de uma parcela das classe mais altas à Europa durante o verão no Hemisfério Norte.
O presidente Jair Bolsonaro que, nos últimos dias causou polêmica ao comemorar a interrupção do desenvolvimento da vacina contra o vírus pelo Instituto Butantã e ao voltar a criticar as medidas de restrição contra a doença, discursa na abertura do Encontro Nacional de Comércio Exterior, prevista para o início da manhã.
Ontem, a Anvisa autorizou a retomada da produção da CoronaVac após interrupção pela própria agência com a comunicação de "evento grave adverso", a morte de um voluntário que testava o imunizante contra a Covid-19.
Agenda do dia
Em relação à agenda econômica, a principal divulgação local de hoje são os dados do volume de serviços de setembro, que devem apresentar queda anual de 8,1% e avanço de 1,1% na base mensal, uma desaceleração em relação a agosto.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, participa de evento da Associação Brasileira de Supermercados, às 10h00, e o mercado pode ficar de olho em possíveis declarações sobre a inflação no país. Na última terça (10), Guedes mencionou em evento um suposto risco de hiperinflação no país. Em resposta à declaração, o ministro disse ao Valor Econômico que a recente alta de preços e as revisões para cima das expectativas são movimentos temporários, localizados e devem perder fôlego mais à frente.
No radar fica ainda a suspensão pelo Tribunal Superior Eleitoral das eleições municipais em Macapá, capital do Amapá, que enfrenta uma crise no abastecimento de energia elétrica desde a semana passada após um incêndio atingir a principal subestação do estado.
Resultados corporativos
Nesta quinta, após o fechamento do pregão, mais de 25 empresas reportam os respectivos balanços para o terceiro trimestre, incluindo a B3 (SA:B3SA3), Sabesp (SA:SBSP3), Natura (SA:NTCO3), Energisa (SA:ENGI11), Eneva (SA:ENEV3), Randon (SA:RAPT4) e Oi (SA:OIBR3).
Ontem, após o fechamento, a JBS (SA:JBSS3) mostrou desempenho para o período acima do esperado, impulsionada por forte desempenho nas unidades nos EUA e no Brasil, além de redução nas despesas financeiras. A companhia, maior processadora de carne do mundo, teve lucro líquido de R$ 3,1 bilhões de julho a setembro, ante lucro de R$ 356,7 milhões de um ano antes, quando o resultado financeiro havia sido negativo em 3,7 bilhões de reais.
Já a Via Varejo (SA:VVAR3) registrou lucro líquido contábil de R$ 590 milhões, revertendo prejuízo de R$ 346 milhões apurado no mesmo período de 2019. O resultado não recorrente teve lucro de R$ 490 milhões, ante prejuízo de R$ 138 milhões na mesma base de comparação.
A CCR (SA:CCRO3) registrou um lucro líquido de R$ 118,3 milhões, queda de 65,2% na comparação anual. De formal geral, a pandemia ainda pesou sobre os números da empresa ao reduzir o tráfego nas rodovias, aeroportos e mobilidade urbana. O número, entretanto, mostra que o pior já passou para a empresa, que conseguiu reverter o prejuízo de R$ 142 milhões no segundo trimestre deste ano.
Enquanto isso, a MRV (SA:MRVE3) apresentou lucro líquido de R$ 158 milhões no terceiro trimestre, o que representa uma leve queda de 1,6% na comparação com o mesmo período de 2019, quando teve lucro de R$ 160 milhões.
A Rumo (SA:RAIL3)teve desempenho operacional recorde no terceiro trimestre, mas viu o lucro cair fortemente em meio ao declínio de tarifas de transporte ferroviário e despesas com a renovação antecipada da Malha Paulista. A companhia, braço de logística do grupo Cosan (SA:CSAN3), anunciou lucro líquido de julho a setembro de R$ 171 milhões, queda de 53,7% ante mesma etapa de 2019.
E a empresa de tecnologia Locaweb (SA:LWSA3)apresentou lucro líquido de R$ 7,8 milhões entre julho e setembro, um crescimento de 30,6% sobre os R$ 6 milhões vistos um ano antes. No critério ajustado, o lucro líquido ficou em R$ 12,5 milhões, alta de 30,4% sobre 2019.
A Eletrobras (SA:ELET3)teve lucro líquido de R$ 96 milhões, queda de 87% na comparação anual. De acordo com a estatal de energia, os resultados do trimestre foram impactados, principalmente, pela redução de receita de geração, refletindo, principalmente, à provisão de desvio negativo de energia das Usinas Nucleares de Angra I e Angra II.
Também divulgaram balanços Aliansce Sonae (SA:ALSO3) Alupar (SA:ALUP11), Taesa (SA:TAEE11), Tecnisa (SA:TCSA3), Marfrig (SA:MRFG3), Mahle-Metal Leve (SA:LEVE3), LPS Brasil (SA:LPSB3), Guararapes (SA:GUAR3), Enauta (SA:ENAT3), Fras-le (SA:FRAS3), Rossi Residencial (SA:RSID3), T4F Entretenimento (SA:SHOW3), Unipar (SA:UNIP3), Kepler Weber (SA:KEPL3), Banco Pine (SA:PINE4), Ambipar (SA:AMBP3), Eucatex (SA:EUCA4), Grupo Mateus (SA:GMAT3), Lojas Quero-Quero (SA:LJQQ3) e JSL (SA:JSLG11).
Entrevista: JSL tem alta no lucro mesmo com receitas prejudicadas pela pandemia
--Com informações de Reuters e Estadão Conteúdo