Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa fechou a sexta-feira na máxima em mais de três meses, acompanhando o viés positivo nos mercados acionários no exterior e quebrando uma sequência de três semanas de perdas, com as chamadas ações "blue chips" guiando os ganhos.
O Ibovespa avançou 1,99 por cento, a 51.966 pontos, maior patamar desde 5 de dezembro de 2014. O volume financeiro somou 8,5 bilhões de reais. Na semana, o índice acumulou alta de 7 por cento, a primeira semana a fechar no azul desde 20 de fevereiro.
O noticiário corporativo local também ecoou no pregão, com Estácio disparando 12,47 por cento após resultado trimestral forte e previsões para 2015, além de aventar chance de fusões e aquisições com as mudanças no Fies.
Em Wall Street, o balanço da Nike e novo avanço do setor de biotecnologia, assim como a nova trégua na alta do dólar, sustentaram ganhos do S&P 500, em semana na qual o Federal Reserve seguiu cauteloso sobre juros.
"O Fed foi marginalmente mais acomodatício que o esperado, especialmente por conta das suas projeções e isso sem dúvida ajudou os mercados", destacou o economista Samuel Kinoshita, sócio na MVP Capital Gestão de Recursos.
"Uma coisa que será decisiva nas próximas 12 semanas que nos separam da reunião de 15 de junho (para quando muitos aguardam um possível aumento de juros pelo Fed) é como os salários se comportarão", alertou o profissional.
Além de abrandar preocupações sobre o efeito da recente valorização nos lucros das empresas, o alívio no fortalecimento da moeda norte-americana ajudou na recuperação dos preços do petróleo.
Na Bovespa, as ações da Petrobras se beneficiaram do desempenho da commodity, com as preferenciais subindo 5,06 por cento, enquanto as ordinárias avançaram 5,41 por cento, mesmo após dados mostrarem queda na produção da estatal em fevereiro.
A expectativa um pouco mais positiva para a divulgação do balanço da Petrobras foi um dos pontos citados por Kinoshita para o desempenho do Ibovespa na semana, além percepção de alguma acomodação do noticiário relacionado à política nacional.
O bom humor nesta sexta-feira também sustentou os bancos privados Itaú Unibanco e Bradesco, que detêm relevante participação no Ibovespa e se beneficiaram, além de estarem entre os papéis preferidos.
Vale avançou forte e corroborou o avanço nesta sexta-feira, após dados mostrarem aumento na produção de aço na China
JBS reforçou o tom benigno, apesar do alívio na alta do dólar frente ao real, que tem ajudado a ação. O Bradesco BBI retomou a cobertura do papel, com recomendação "outperform" e preço-alvo de 16,50 reais.
A variação do Ibovespa em dólar, aliás, tem sido citada como uma das justificativas para o avanço nesta semana, uma vez que estaria atrativa aos estrangeiros. Mesmo com a alta nesta semana, o índice ainda acumula declínio de cerca de 14,5 por cento este ano.
"Muitos têm me perguntado se a bolsa já está barata em dólares, atraindo investidores estrangeiros", disse Kinoshita. "É possível que já atraia algum interesse, mas me parece que uma melhora significativa precisa de uma boa limpada em alguns dos diversos riscos relacionados ao Brasil", ponderou.
Veja as maiores altas e baixas do Ibovespa nesta sexta-feira:
ALTAS
Ação Preço(R$) Variação
ESTACIO PART ON 17,77 12,47%
ELETROBRAS PNB 7,47 7,33%
ENERGIAS BR ON 10,22 7,02%
SABESP ON 19,1 6,94%
BRADESPAR PN 12,04 6,64%
GOL PN 8,8 5,9%
SID NACIONAL ON 5,88 5,76%
VALE ON 20,25 5,74%
CEMIG PN 12,51 5,57%
CYRELA REALT ON 13,2 5,43%
BAIXAS
Ação Preço(R$) Variação
TIM PART ON 11,3 -3,99%
TELEF BRASIL PN 49,47 -2,64%
CETIP ON 31,4 -2,18%
SUZANO PAPEL PNA 14,1 -2,08%
FIBRIA ON 41,46 -1,31%
USIMINAS PNA 5,08 -1,17%
ITAUSA PN 10,09 -0,39%
BRF FOODS ON 63,75 -0,34%
SOUZA CRUZ ON 25,12 -0,2%