Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava ao redor de 2% nesta terça-feira, em sessão véspera de feriado no Brasil e após três altas seguidas, tendo como pano de fundo comentários do presidente do Banco Central, de que a autoridade monetária não pensa em queda de juros neste momento e que a batalha contra a alta de preços no país não está ganha.
A queda do petróleo Brent no exterior também pressionava as ações da Petrobras, enfraquecendo ainda mais o principal índice da bolsa paulista, assim como certa volatilidade em Wall Street, na volta de um fim de semana prolongado por feriado nos Estados Unidos na segunda-feira.
Às 12:07, o Ibovespa caía 1,92 %, a 110.044,69 pontos, após acumular alta de 2,45% nos três pregões anteriores. O volume financeiro nesta terça-feira somava 12 bilhões de reais.
Na noite da véspera, Roberto Campos Neto disse que o Banco Central (BC) "continua navegando em um ambiente de alta incerteza", citando questões ainda em aberto envolvendo políticas do governo, como a fonte de financiamento para o Auxílio Brasil turbinado em 2023 e a continuidade das desonerações sobre combustíveis.
"A gente tem comunicado que a gente não olha, não pensa em queda de juros neste momento. A gente pensa em finalizar o trabalho. Finalizar o trabalho significa convergir a inflação", disse ele em evento promovido pelo jornal Valor Econômico.
No mercado, economistas estimavam que o BC teria encerrado o ciclo de alta da Selic no mês passado, quando elevou a taxa em 0,50 ponto percentual, para 13,75% ao ano, segundo a pesquisa Focus mais recente, divulgada na segunda-feira, que também mostrou previsão de queda do juro em 2023, para 11,25%.
Na visão da equipe do Citi, Campos Neto não ratificou o ciclo de flexibilização antecipada.
"No geral, o discurso de Campos Neto foi aproximadamente semelhante à comunicação oficial recente do Copom, mas mais 'hawkish' quando comparado ao que está precificado atualmente na curva de juros, que é o início do ciclo de flexibilização já no primeiro trimestre de 2023", afirmou em comentário a clientes.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC acontece nos dias 20 e 21 de setembro.
DESTAQUES
- VIA ON perdia 7,03%, a 2,91 reais, com o setor de varejo entre as maiores quedas, uma vez que estão entre os que se beneficiaram das perspectivas de término iminente do ciclo de alta da Selic. MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) caía 7,64% e AMERICANAS ON recuava 6,02%.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) cedia 4,41%, a 31,86 reais, conforme o contrato do petróleo Brent, usado como referência pela estatal, mostrava declínio de 2,77%, a 93,09 dólares.
- GPA ON mostrava queda de 3,04%, a 22,98 reais, após duas altas seguidas, sendo que apenas na véspera fechou com um salto de 9,72%. Após o fechamento na segunda-feira, o dono dos supermercados Pão de Açúcar (BVMF:PCAR3) anunciou a segregação de sua unidade colombiana Éxito por meio de uma redução de capital, na qual distribuirá 83% das ações que detém na empresa sul-americana aos acionistas.
- TIM ON (BVMF:TIMS3) avançava 1,68%, a 12,09 reais, com o setor de telecomunicações entre os poucos com sinal positivo no Ibovespa. TELEFÔNICA BRASIL (BVMF:VIVT3) ON, que opera sob a marca Vivo, mostrava acréscimo de 0,67%.
- VALE ON (BVMF:VALE3) cedia 1,35%, a 64,34 reais, contaminado pelo movimento mais vendedor no mercado como um todo, apesar de nova alta dos preços do minério de ferro na China, após aquele país, maior produtor mundial de aço, sinalizar uma necessidade urgente de estímulo econômico adicional e o banco central cortar uma relação de reservas cambiais para apoiar o iuan.
- MRV ON (BVMF:MRVE3) perdia 7,25%, a 11,01 reais, com o setor imobiliário como um todo sofrendo com os comentários mais 'hawkish' do presidente do BC brasileiro.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) recuava 0,56%, a 26,83 reais, e BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) caía 1,09%, a 19,14 reais.
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(Edição de André Romani)