Ibovespa recua com ata mais dura do BC e guerra comercial no radar

Publicado 04.02.2025, 11:28
Atualizado 04.02.2025, 13:40
© Reuters

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta terça-feira, com agentes financeiros ainda monitorando desdobramentos da adoção de tarifas comerciais pelos Estados Unidos, mas também analisando a ata da última decisão de política monetária no Brasil.

Por volta de 11h10, o Ibovespa cedia 0,89%, a 124.848,66 pontos. O volume financeiro no pregão somava 2,75 bilhões de reais.

Antes da abertura, o Banco Central divulgou a ata da reunião da semana passada, quando a Selic foi elevada de 12,25% para 13,25% e o Comitê de Política Monetária sinalizou mais um aumento igual em março, mas deixou em aberto os próximos passos.

No documento, o BC elencou a desancoragem das expectativas de inflação, o grau de sobreaquecimento da economia e o impacto de políticas econômicas sobre o câmbio como riscos relevantes para o debate de política monetária.

Para economistas do Itaú chefiados pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita, a ata apresentou um tom mais duro do que o comunicado que acompanhou o anúncio da decisão na última quarta-feira, conforme relatório enviado a clientes.

"O texto, de forma adequada, destaca a preocupação com a deterioração das expectativas de inflação e indica que o Copom está monitorando a atividade econômica, atento a sinais de uma desaceleração mais acentuada, o que não é o cenário-base deles - nem o nosso", afirmaram.

A equipe do Itaú também destacou que as autoridades alertam para um possível aumento da taxa neutra, devido a uma política fiscal e parafiscal ainda mais expansionista.

"Apesar do tom geral da ata ser mais duro, o texto indica que o comitê acompanhará a evolução da atividade econômica, do repasse cambial e das expectativas. Isso pode, ou não, refletir uma ordem de prioridades - o tempo dirá", acrescentaram.

No exterior, a China anunciou uma ampla gama de medidas visando empresas norte-americanas e impôs tarifas sobre produtos dos EUA após novas sobretaxas de importação impostas pelo governo de Donald Trump entraram em vigor.

A retaliação da China ocorre após os EUA fecharem acordos com México e Canadá para adiar por um mês dias a aplicação de tarifas sobre produtos desses países.

Apesar do alívio com a paralisação das tarifas sobre produtos mexicanos e canadenses, a percepção no mercado é de que a volatilidade tende a permanecer elevada, uma vez que persistem incertezas sobre o desfecho das negociações.

"O tema global continua sendo o 'tarifaço' praticado pelo novo presidente americano, Donald Trump, e suas possíveis consequências", afirmou a equipe da Ágora Investimentos

Os analistas avaliaram que a resposta da China foi "aparentemente calibrada para evitar grandes repercussões", mas ao mesmo tempo "mostra a capacidade da China de infligir danos em várias frentes da economia americana".

DESTAQUES

- MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) recuava 4,99%, em mais uma sessão de correção, após acumular uma alta de mais de 17% na semana passada. A queda era referendada pela alta nas taxas dos contratos de DI, o que também enfraquecia outros papéis de empresas sensíveis à economia doméstica. O índice do setor de consumo caía 1,51%.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) era negociada em baixa de 1,71%, acompanhando o sinal dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent cedia 1,65%. A estatal também divulgou na véspera uma queda de 10,5% na sua produção total de petróleo e gás no quarto trimestre ante o mesmo período de 2023, para 2,63 milhões de barris de óleo equivalente ao dia.

- VALE ON (BVMF:VALE3) cedia 0,18%, em mais uma sessão sem a referência dos futuros do minério de ferro na China por feriado naquele país. Os negócios em Dalian reabrem na quarta-feira. Assim, agentes seguem acompanhando a escalada no protecionismo comercial envolvendo as duas maiores economias do mundo.

- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) perdia 0,42% em véspera de divulgação do balanço do quarto trimestre, com analistas atentos principalmente às sinalizações do maior banco do país em ativos para 2025. SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11), que também traz seus números na quarta-feira, caía 0,77%. BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) cedia 0,78% e BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) recuava 0,22%.

- WEG ON (BVMF:WEGE3) subia 0,5%, entre as poucas altas do Ibovespa na sessão, experimentando uma trégua após dois dias de quedas seguidos, quando acumulou uma perda de 4,4%.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.