Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa exibia forte alta nesta quinta-feira, diante do agravamento da crise política após a divulgação de conversas telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravadas no âmbito da operação Lava Jato.
As ações de empresas estatais, como Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Petrobras (SA:PETR4), capitaneavam os ganhos.
Às 10:40, o Ibovespa subia 4,31 por cento, a 49.822 pontos. Na máxima, o índice de referência do mercado acionário brasileiro avançou a 50.569 pontos, máxima intradia desde agosto de 2015.
O volume financeiro no pregão era de 1,4 bilhão de reais.
Entre as gravações está conversa com a presidente Dilma Rousseff na qual ela diz que estava enviando um emissário para entregar a Lula o termo de posse no comando da Casa Civil da Presidência para ele usar "em caso de necessidade".
As atenções agora se voltam para a cerimônia de posse do ex-presidente Lula na Casa Civil, que acontecia neste momento em Brasília.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também afirmou na véspera que a Casa irá eleger nesta quinta-feira os membros da comissão que analisará o impeachment, com posterior instalação da comissão e eleição de presidente e relator.
No mercado, o entendimento é que os últimos desdobramentos elevam a probabilidade de um impeachment da presidente Dilma, conforme deve dar mais argumentos à oposição e fortalecer as manifestações contrárias ao governo federal.
Entre agentes financeiros, o entendimento de modo geral é o de que mudanças nas perspectivas para a economia brasileira implicam troca do comando do país.
Na visão da equipe da corretora Rico, os últimos eventos trazem ainda mais instabilidade ao governo Dilma. O Credit Suisse destacou em nota a clientes que o Brasil viveu na quarta-feira "o auge da sua crise política".
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL saltava 9,56 por cento, liderando os ganhos do Ibovespa e refletindo a avaliação entre investidores sobre os últimos desdobramentos na esfera política. Na esteira, BB SEGURIDADE, que reúne as participações do Banco do Brasil em seguros e previdência, subia 7,92 por cento.
- PETROBRAS mostrava as preferenciais disparando 8,44 por cento e os papéis ordinários subindo 4,36 por cento, também sensíveis ao noticiário político, tendo ainda como pano de fundo o avanço do petróleo no exterior.
- ITAÚ UNIBANCO avançava 6,2 por cento e BRADESCO subia 5,40 por cento, reforçando a trajetória positiva no Ibovespa dado o peso relevante que ambos detêm no índice.
- VALE tinha as ações preferenciais de classe A com valorização de 0,95 por cento, em meio à alta dos preços do minério de ferro. Também estava no radar reportagem do jornal O Estado de S.Paulo de que empresa pode reduzir à metade sua produção de minério de ferro em Minas Gerais.
- JBS subia 2,74 por cento, em sessão volátil, com agentes financeiros também repercutindo resultado do quarto trimestre de 2015 da empresa de alimentos, com queda no Ebitda. A companhia disse ver manutenção de dificuldades na área de bovinos no primeiro trimestre deste ano.
- SUZANO e FIBRIA ocupavam a ponta negativa do Ibovespa, com queda de 5,26 e 3,68 por cento, respectivamente, na esteira da queda do dólar ante o real.