Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa renovou máximas recordes nesta quarta-feira, negociado acima dos 110 mil pontos pela primeira vez, em meio a novo sinais da retomada da atividade econômica, com a alta respaldada pelo cenário externo favorável.
Nos ajustes, o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, superou o recorde intradia de mais cedo, fechando na máxima, em alta de 1,23%, a 110.300,93 pontos. O volume financeiro somou 18,06 bilhões de reais. No ano, o Ibovespa acumula ganho de cerca de 25%.
"O acúmulo de evidências de que a economia está retomando parece ser o grande gatilho no momento e explica também o Brasil ter descolado positivamente de outros mercados nos últimos dias", avalia o gestor Igor Lima, sócio na Galt Capital.
Nos dois primeiros pregões da semana, o Ibovespa subiu 0,7%, enquanto o norte-americano S&P 500 caiu 1,5%.
Na visão de Lima, se os dados positivos de atividade continuarem saindo e confirmando esse cenário, a bolsa pode ter um fim de ano e início de 2020 bastante positivo, inclusive com revisões de estimativa para cima para o PIB e lucros em 2020.
Um dia após o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre surpreender positivamente, a produção industrial no país cresceu 0,8% em outubro na comparação com setembro, o terceiro mês seguido de expansão.
De acordo com economistas do UBS, os números têm mostrado um desempenho melhor no segundo semestre, após dados mais fracos de produção na primeira metade do ano, corroborando perspectivas melhores para 2020.
O gestor Marcelo Mesquita, sócio na Leblon Equities, ainda destacou que o país tem no momento os menores juros da sua história e uma agenda positiva de reformas estruturais - ajuste fiscal, privatizações e abertura da economia.
"Isso deve estimular investimentos e trazer crescimento econômico. Tudo isso valoriza as empresas e a bolsa sobe", afirmou.
A trajetória positiva no pregão brasileiro era respaldada nesta sessão pela performance das bolsas norte-americanas, em meio ao noticiário mais favorável em relação ao comércio global, particularmente as negociações entre China e Estados Unidos.
Após recuar nos primeiros pregões da semana, o S&P 500 encerrou com elevação de 0,6%. O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que as negociações comerciais com a China estão indo "muito bem".
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 3,6%, entre as maiores altas, com o setor bancário como um todo favorecido pelas perspectivas mais favoráveis para a economia, mas também tendo de pano de fundo o IPO da XP Inc, grupo no qual detém participação relevante, esperado para a próxima semana, que pode avaliar a XP em quase 14 bilhões de dólares. BTG PACTUAL UNIT, que também tem reagido a expectativas relacionadas ao IPO da XP, subiu 4,4%. Ainda no setor, BRADESCO PN (SA:BBDC4) terminou com elevação de 2,6%.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) valorizavou-se 2,35%, ajudada pela forte alta dos preços do petróleo no exterior e tendo no radar evento da petrolífera com investidores em Nova York, onde, entre outros assuntos, a companhia disse que pretende vender "com prêmio" a sua fatia remanescente na Transportadora Associada de Gás (TAG), bem como investirá no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, cerca de 17,9 bilhões de dólares no período de 2020 a 2024.
- VALE ON (SA:VALE3) fechou com elevação de 1%, conforme os futuros do minério de ferro na China subiram nesta quarta-feira, ampliando ganhos pela segunda sessão à medida que dados mostraram queda nos embarques do Brasil na semana passada. Em Londres, durante encontro com investidores, o presidente da Vale disse que a mineradora vai concluir neste mês uma investigação interna sobre o rompimento em janeiro de uma barragem em Brumadinho (MG), desastre que deixou mais de 250 mortos.
- CSN ON (SA:CSNA3) subiu 2,7%, com o setor de mineração e siderurgia como um todo no azul e tendo no radar evento da empresa com analistas e investidores em Nova York. Em apresentação para o evento, a companhia estimou alta de vendas de aço e minério de ferro em 2020. Analistas do Bradesco BBI destacaram que, embora os resultados do aço da CSN estejam prestes a se recuperar, eles esperam que a normalização do suprimento global de minério de ferro acabe pesando os preços do minério de ferro e nos resultados da divisão de mineração da companhia, enquanto a alavancagem continua sendo uma preocupação.
- BR DISTRIBUIDORA caiu 2,15%, tendo de pano de fundo reportagem do jornal Valor Econômico citando declaração do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, de que a empresa pretende fazer outra oferta subsequente de ações da BR Distribuidora (SA:BRDT3).
- EQUATORIAL ON (SA:EQTL3) avançou 2,16%, após obter na Justiça liminar para suspender decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que negou pedido da empresa para uma revisão extraordinária das tarifas (RTE) de sua subsidiária responsável pela distribuição de eletricidade no Piauí.
- SUZANO (SA:SUZB3) ON mostrou declínio de 2,7%, em nova sessão de trégua na alta do dólar em relação ao real. Em comentários recentes, analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11), contudo, ponderaram que o preço da celulose já está começando a dar sinais de melhora/estabilização. A queda nas ações vem após alta de 18% em novembro.
- JBS ON (SA:JBSS3) perdeu 2,8% e engatou a quarta queda seguida, em sessão também negativa para a MARFRIG ON (SA:MRFG3), que cedeu 2,6%. MINERVA ON (SA:BEEF3), que não está no Ibovespa, despencou 7,3%. Tais papéis, contudo, ainda acumulam em 2019 valorizações superior a três dígitos - cerca de 135%, 100% e 190%, respectivamente. No setor de proteínas, BRF ON (SA:BRFS3) subiu 1,7%, com o ganho no ano ao redor de 'apenas' 65%. Após o fechamento do mercado, a JBS anunciou que vai investir 8 bilhões de reais no Brasil até 2024.