A semana pós-eleitoral foi de ganho de 3,16% do Ibovespa, com o investidor, em maior medida, assimilando o processo de transição de governo no Brasil, sem deixar de lado o passo da política monetária dos países desenvolvidos e o desenrolar da atividade econômica na China. O índice saiu da casa de 114 mil pontos no fechamento da sexta-feira passada para os 118.155,46 pontos (+1,08%) no encerramento dos negócios nesta sexta-feira - tendo, inclusive, batido os 120 mil pontos na máxima do dia. Os níveis de fechamento e intradiário foram os maiores desde 21 de outubro.
Os ativos domésticos refletiram nesta semana o bom humor do investidor, especialmente externo, com o desfecho do processo eleitoral no Brasil. A despeito das manifestações em rodovias e da demora em quase dois dias pelo reconhecimento da derrota por parte do presidente Jair Bolsonaro, o mercado recebeu bem os primeiros sinais do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva.
O economista-chefe de Mercados Emergentes da Capital Economics, William Jackson, apontou duas razões para este rali, classificado por ele como "surpreendentemente positivo". São elas: a indicação do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), para comandar a transição política e a sinalização de uma aliança entre o novo governo e partidos centristas.
A tendência é que o mercado acionário doméstico trabalhe com máxima atenção na política na próxima semana. Passadas as férias na Bahia, Lula retoma atividades na segunda-feira, dia em que faz reunião em São Paulo com aliados políticos. É esperado que o presidente eleito vá a Brasília na terça-feira, para seguir com a costura do novo governo.
No acumulado desta semana, das 92 ações componentes do Ibovespa, 79 subiram. E na ponta negativa, a liderança foi da Petrobras (BVMF:PETR4) (ON -11,38% e PN -13,11% na semana e -5,23% e -5,51% no dia), numa espécie de 'lado B' do resultado eleitoral.
Nesta sexta, especificamente, pesa sobre a companhia o pedido do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União pela suspensão de pagamentos de dividendos pela estatal, o que fez na quinta-feira a ação ter alta firme.
Importante mencionar também a subida forte da Vale ON (BVMF:VALE3) no dia (+7,59%) e na semana (+7,12%). A aposta do investidor é que a China relaxe a política de covid-zero.
Ainda no exterior, a semana foi de queda nas bolsas de Nova York (Nasdaq -5,65% e S&P 500 -3,35%), em meio ao aperto monetário em curso nos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) aumentou o juro para a faixa de 3,75%-4,00%, seguido de mensagem considerada hawkish do presidente da instituição, Jerome Powell.