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Ibovespa tomba mais de 10% e fecha na mínima desde meados de 2017

Publicado 18.03.2020, 17:47
© Reuters.  Ibovespa tomba mais de 10% e fecha na mínima desde meados de 2017
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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista fechou em forte queda nesta quarta-feira, quando teve acionado o sexto circuit breaker em menos de duas semanas, em meio a sinais crescentes sobre os efeitos negativos das medidas para evitar a disseminação do novo coronavírus nas empresas e na atividade econômica global.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 10,35%, a 66.894,95 pontos, menor patamar desde 3 de agosto de 2017. O volume financeiro somou 36,27 bilhões de reais, em sessão também marcada por vencimento de opções sobre o Ibovespa.

Apenas os papéis de BB Seguridade (SA:BBSE3) e Carrefour Brasil fecharam em alta, avançando 0,67% e 1,97%, respectivamente.

Com o desempenho desta​ quarta-feira, o Ibovespa acumula queda de 25,4% nas últimas 52 semanas de negócios. Desde janeiro, a queda é de 42%.

A B3 acionou o mecanismo de interrupção das negociações pouco antes 13:20, depois que o Ibovespa acelerou a queda para mais de 10%. Por pouco, o circuit breaker não precisou ser acionado novamente, uma vez que, na mínima da sessão, o Ibovespa chegou a cair 14,84%, a 63.546,74 pontos.

"O avanço do Covid-19 vai se acentuando e medidas políticas e econômicas são impostas em todo o globo. Entre anúncios de estímulos econômicos e aumento da percepção de recessão mundial, os mercados têm movimentos rápidos e acentuados de altas e baixas", ressaltou a equipe da Elite Investimentos.

Em Wall Street, o S&P 500 fechou em baixa de 5,18%. "Os estímulos prometidos pelos governos e bancos centrais ficam muito aquém do que resolveria o problema dos mercados. O que realmente falta no mundo é um indício que os casos de coronavírus comecem a desacelerar", destacou o gestor Ricardo Campos, da Reach Capital.

No Brasil, o governo anunciou medidas para combater a propagação e os efeitos do vírus e o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que novas iniciativas podem ser tomadas "a cada 48 horas", a depender do desenvolvimento do cenário. Veja as principais medidas já adotadas:

Investidores estão na expectativa do desfecho de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central nesta quarta-feira, após o fechamento da bolsa, principalmente com a chance de um corte na taxa Selic, atualmente em 4,25% ao ano.

"O mercado está preocupado e acreditamos que as coisas devem piorar antes de melhorar nos próximos dois meses, o que vai mexer muito com o emocional dos investidores", afirmou o analista de ações Thiago Salomão, da Rico Investimentos.

DESTAQUES

- CVC (SA:CVCB3) BRASIL ON caiu 34,77%, ampliando as perdas em 2020 para cerca de 85%, em meio a notícias de cancelamento de voos e fechamento de fronteiras, entre outras medidas para frear a propagação do Covid-19, além da disparada do dólar, que nesta sessão chegou a superar 5,2 reais. A companhia terminou o dia com valor de mercado de apenas 953 milhões de reais, de 6,5 bilhões no começo de 2020.

- AZUL PN (SA:AZUL4) cedeu 32,04% e GOL (SA:GOLL4) PN recuou 28,02%, em meio a preocupações sobre o efeito da pandemia, que já se refletiu em corte de capacidade e suspensão de voos, entre outras medidas, além do impacto do dólar, que hoje chego a superar 5,20 reais. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) disse nesta quarta-feira que as suas associadas já registram, em média, queda de 50% na demanda por voos domésticos e redução de 85% nas viagens internacionais na segunda quinzena de março, ante o mesmo período de 2019, no que definiu como "a maior crise da história da aviação comercial".

- BRMALLS ON cedeu 23,88%, após decisão de suspender as atividades de shopping centers no Rio de Janeiro. A empresa também mudou horários de outros empreendimentos. No setor, O governador de São Paulo, João Doria, também recomendou nesta quarta-feira que shoppings da capital paulista e da região metropolitana do Estado encerrem atividades até 30 de abril.[nL1N2BB1IJ]

- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) recuaram 13,15% e 15,52%, respectivamente, em meio a um novo tombo dos preços do petróleo no exterior conforme aumentam as medidas que restrições a viagens e para isolamento social para tentar conter a disseminação do coronavírus.

- VALE ON (SA:VALE3) cedeu 6,89%, em movimento amortecido pela alta dos preços do minério de ferro na China.

- BRADESCO PN (SA:BBDC4) perdeu 11,66%, após ajuste positivo na véspera, com ITAÚ UNIBANCO PN recuou 6,94%. BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) caiu 16,5%. A Fitch Ratings afirmou nesta quarta-feira que a pandemia de coronavírus vai testar a resistência de bancos brasileiros, uma vez que as instituições financeiras provavelmente vão apurar uma deterioração da qualidade de seus ativos e lucratividade.

- CARREFOUR BRASIL ON (SA:CRFB3) subiu 1,97%, uma das duas altas do Ibovespa, após aumento de compras em supermercados no último fim de semana em razão de preocupações com a evolução do coronavírus no Brasil. GPA (SA:PCAR3) ON cedeu 11,96%.

- VIA VAREJO ON caiu 31,53%, também afetada pelas perspectivas de menor crescimento no país, logo menos consumo. O UBS cortou sua previsão para o crescimento da economia brasileira para 0,5%, ante 1,3%. O Credit Suisse revisou sua estimativa e agora vê estagnação da economia, de expansão de 1,4% antes.

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