Por Peter Nurse
Investing.com – As ações americanas devem abrir em baixa na sexta-feira, estendendo as perdas do seu primeiro semestre mais fraco em mais de 50 anos, com os investidores preocupados com a inflação aquecida e o aperto da política monetária.
Às 10:09, o índice Dow Jones Jones recuava 54,6 pontos, ou 0,15%, enquanto o S&P 500 Futuros cedia 5,8 pontos, ou 0,15%, e o Nasdaq 100 Futuros perdia 33,5 pontos, ou 0,31%.
Os principais índices em Wall Street fecharam em forte queda na quinta-feira, com o benchmark mais amplo S&P 500 encerrando os primeiros seis meses do ano com uma desvalorização de mais de 20%, seu maior declínio para o período desde 1970, depois de ceder mais de 16% no segundo trimestre.
Já o Dow Jones Industrial, composto por blue-chips, registrou perdas de um pouco mais de 11% no trimestre e de 15% no semestre, enquanto o Nasdaq Composite, com maior peso de tecnologia, despencou mais de 22% no trimestre, o pior desde 2008, resultando em perdas de quase 30% no acumulado do ano.
O Federal Reserve elevou as taxas de juros em 75 pontos-base em sua reunião de junho, a maior alta desde 1994, e seu presidente, Jerome Powell, reiterou, no início da semana, o compromisso do banco central americano de continuar apertando a política monetária para reduzir a inflação.
O risco de mais uma liquidação nos mercados acionários ainda é alto, de acordo com o Goldman Sachs (NYSE:GS), embora os investidores estejam precificando apenas uma recessão leve.
“Grande parte da redução dos valuations neste ano se deve a taxas mais altas de inflação/juros”, disseram em nota os analistas do Goldman. “A menos que as taxas dos títulos comecem a recuar, amenizando os prêmios de risco nas ações por conta dos temores de recessão, os valuations dos papéis podem cair ainda mais”.
A disparada da inflação não é o único problema nos EUA. Os preços ao consumidor na zona do euro atingiram nova máxima recorde em junho, saltando para 8,6%, avançando em relação a 8,1% em maio, devido, em particular, à disparada dos preços de energia e alimentos.
Entre os dados a serem divulgados nos EUA na sexta-feira, o grande destaque é o PMI industrial do ISM para junho. A expectativa é que o índice mostre uma queda no sentimento, recuando para 54,9 em comparação com 56,1 no mês anterior.
No setor corporativo, a Micron (NASDAQ:MU) estará em foco depois de a fabricante de chips fornecer uma projeção pessimista para todo o ano, sugerindo que o excesso de estoques e desaceleração nos gastos com eletrônicos de consumo prejudicarão a demanda.
A Kohl's (NYSE:KSS) também estará no centro das atenções, após reportagens indicarem que a rede de lojas de departamento suspendeu as tratativas sobre sua aquisição pela proprietária da Vitamin Shoppe, o Franchise Group (NASDAQ:FRG).
Os preços do petróleo se recuperavam na sexta-feira, em razão de dúvidas quanto a um retorno rápido do óleo iraniano ao mercado mundial, após a imprensa citar autoridades dos EUA sugerindo que as tratativas em Doha, com o objetivo de retomar o acordo de não proliferação de 2015 da ONU, não pareciam estar progredindo bem.
Ainda assim, o mercado petrolífero está rumo à sua terceira queda semanal consecutiva, pior sequência neste ano, por preocupações com o vigor da economia dos EUA, maior país consumidor de petróleo do mundo, e com o fato de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados aumentarem a oferta em 648.000 barris por dia em julho e agosto.
Às 10:11, o petróleo norte-americano subia 2,72%, a US$ 108,64 por barril, enquanto o Brent ganhava 2,61%, a US$ 111,87. Ambos os contratos se desvalorizaram cerca de 3% na sessão anterior e estão prestes a registrar uma perda de 2% nesta semana.
Além disso, o ouro futuro caía 0,79%, a US$ 1.793,00 por onça-troy, ao passo que o euro era negociado em baixa de 0,75%, a 1,0402.