Por Aluísio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - As compras de brasileiros com cartões de crédito e de débito terão em 2015 o menor crescimento em pelo menos oito anos, refletindo a economia do país, que após anos de fraca expansão, se encaminha para a pior recessão em de duas décadas.
A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) previu nesta quinta-feira que o giro financeiro de compras pagas com esses instrumentos neste ano deve ser cerca de 10 por cento superior ao de 2014. A previsão anterior era de alta de 12 a 13 por cento.
Se o número se confirmar, será o crescimento mais fraco da série histórica da entidade, iniciada em 2008.
"A economia está fraca e é lógico que isso tem impacto na atividade do setor", disse a jornalistas o presidente da Abecs, Marcelo Noronha.
A previsão mais baixa veio após a Abecs informar que o movimento do setor no primeiro trimestre somou 246,6 bilhões de reais, alta de 10,6 por cento sobre mesma etapa de 2014.
Movimento do mercado brasileiro de cartões (Em R$ bilhões)
Ano Volume financeiro Crescimento anual
2008 R$335,7 14,8%
2009 R$400,3 19,2%
2010 R$497,7 24,3%
2011 R$614,3 23,4%
2012 R$724,4 17,9%
2013 R$852,9 17,7%
2014 R$978,8 14,8%
Fonte Abecs
De janeiro a março, as compras pagas por brasileiros com cartões de crédito somaram 156,7 bilhões de reais, alta de 10,1 por cento na comparação anual. No caso dos cartões de débito, com 89,9 bilhões de reais, a alta foi de 11,6 por cento.
Mesmo com a desaceleração, os números mostraram que a migração histórica da substituição de instrumentos como cheque e dinheiro para meios eletrônicos nas compras se manteve.
No trimestre, os cartões foram usados para pagar 30,1 por cento das compras no Brasil, ante 28,7 por cento no último quarto de 2014.
A Abecs também revelou que as compras de brasileiros no exterior avançaram 5,1 por cento no trimestre, no comparativo anual, a 6,88 bilhões de reais. Os cartões de crédito responderam por 43 por cento das compras fora do país, mesmo nível de um ano antes e empatando com dinheiro e cheques de viagem.
Também na comparação anual, as compras de estrangeiros no Brasil avançaram 14,1 por cento, para 3,46 bilhões de reais.
MAIS QUE AUTOMÓVEIS
Com base em dados do Banco Central, a Abecs disse que em março o volume de empréstimos do sistema financeiro a pessoas físicas era de 157 bilhões de reais, a quarta maior fatia, com 10,8 por cento, atrás de Imobiliário, crédito pessoal e veículos.
De acordo com Noronha, mantidos os ritmos recentes, no fim de 2015 a linha de cartão de crédito deve superar o estoque de empréstimos para compra de automóveis, cuja fatia era de 12,5 por cento em março.