SÃO PAULO (Reuters) - O investimento de 1,7 bilhão de reais do grupo chinês HNA Group na Azul Linhas Aéreas, anunciado na terça-feira, é negativo do ponto de vista competitivo para outras companhias aéreas brasileiras, disse o BTG Pactual (SA:BBTG11), uma vez que aliviará pressões para que a terceira maior empresa do setor no país corte capacidade em um ambiente de baixa lucratividade.
Apesar de uma ligeira alta nas receitas unitárias das companhias aéreas no Brasil no terceiro trimestre ante os três meses anteriores, o ambiente de lucratividade das empresas continua muito fraco, disse o banco. Esse cenário tem sido causado pela menor demanda, com a recessão da economia, e pela alta de custos devido ao impacto da elevação do dólar no preço do querosene de aviação.
"Dadas as perspectivas de um PIB fraco em 2016, os ajustes têm que vir pela racionalização da oferta (tanto a TAM quanto a Gol já começaram a fazer isso)", disseram os analistas do banco Renato Mimica e Samuel Alves em relatório.
No entanto, o fortalecimento do balanço da Azul deve aliviar pressões para que a companhia faça o mesmo que as rivais, piorando o ambiente concorrencial, apesar do acordo com o HNA ser mais uma prova do interesse internacional no setor.
Em agosto, o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse que não faria sentido Gol e Latam, que engloba TAM e LAN, continuarem reduzindo a oferta sem que houvesse o mesmo comportamento dos demais competidores. A aérea previu diminuição de até 1 por cento na oferta doméstica em 2015, realizou ajustes na malha e anunciou redução de frota.
Em contrapartida, o presidente da Azul, Antonoaldo Neves, disse em outubro que a empresa estava com frota estável, sem ter feito diminuições ainda, embora tivesse previsão de crescer. A Azul deve ter crescimento de pouco menos de 4 por cento na oferta neste ano, embora tenha capacidade em aeronaves para crescer 15 por cento.
Como ponto positivo do negócio com o HNA para o setor, o BTG ressaltou que acordos recentes avaliaram as empresas com prêmio significativo em relação ao preço de suas ações, provando que as aéreas da América Latina têm significativo valor estratégico. O banco citou aporte da United Airlines, do grupo United Continental, na Azul e acordo da Delta Airlines com a Gol mais cedo neste ano, entre outros.
"Vemos empresas como a Avianca Holdings e a Latam Airlines como outras potenciais candidatas a investimentos estratégicos, dada sua forte posição na região e níveis de preço defensavelmente deprimidos", afirmaram os analistas do banco.
(Por Priscila Jordão)