Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A JBS avalia que investimentos realizados pela empresa na brasileira Seara e na divisão de suínos dos Estados Unidos vão elevar a importância dessas unidades para outro patamar, disse o presidente Global de Operações da maior companhia de alimentos do mundo em receitas obtidas.
Segundo Wesley Batista Filho, os investimentos na Seara --um dos destaques dos resultados do terceiro trimestre-- elevarão a capacidade produtiva da unidade em cerca de 20%. Os resultados devem ser colhidos em 2023 e 2024.
"Fizemos investimentos relevantes na Seara que estão agora entrando em linha e começando a produzir, ou finalizando os últimos toques das obras... falando em volume, estamos aumentando a nossa capacidade por volta de 20%, é um valor relevante que vai mudar o patamar da empresa", disse Batista Filho, da família dos fundadores.
Segundo ele, a unidade de aves, suínos e alimentos processados da empresa no Brasil terá o parque fabril "mais moderno" com os investimentos realizados.
A JBS teve lucro líquido de 4 bilhões de reais no terceiro trimestre, queda de 47% ante igual período do ano passado, por desempenhos mais fracos principalmente nas operações de carne bovina na América do Norte, enquanto os negócios da empresa no Brasil contribuíram positivamente, especialmente a Seara, cuja geração de caixa operacional medida pelo Ebitda saltou 80,9% no trimestre.
"A mesma coisa (sobre impacto dos investimentos) acontece na unidade do 'pork' nos Estados Unidos", acrescentou, lembrando que a companhia está concluindo duas novas fábricas.
"Isso vai elevar o negócio de alimentos preparados dentro do 'pork' para outro patamar também", comentou o executivo, que assumiu recentemente o novo posto.
As ações da JBS tinham forte alta nesta sexta-feira na B3 (BVMF:B3SA3), subindo mais de 8%, com analistas destacando o bom desempenho da Seara.
"A JBSS3 (BVMF:JBSS3) deve ter desempenho superior na sexta-feira, uma vez que a expansão da margem da Seara impulsionou os resultados...", disseram analistas do Citi em relatório, lembrando que a expansão da margem da unidade foi impulsionada pelo repasse de 11% de preços para alimentos processados no Brasil e maiores preços de exportação.
A dinâmica da margem da Seara deve se sustentar à medida que os custos do milho e da soja diminuem, acrescentou.
Já a XP (BVMF:XPBR31) destacou, "do lado positivo", o momento das operações de aves.
"Apesar do número ter vindo um pouco abaixo de nossas estimativas, o Ebitda ajustado da Seara cresceu 81%...".
SEARA EM DESTAQUE
Segundo os executivos da empresa em teleconferência de resultados trimestrais, a operação brasileira Seara apresentou ganhos também devido a melhorias em pontos de vendas e com a diversificação do "mix" de produtos, que incluiu lançamentos.
Eles afirmaram que "houve bastante" repasse de preços pela Seara devido aos aumentos de custos.
Conforme a empresa, isso deve prosseguir à medida que os investimentos visam agregar valor e focam marcas que têm mais força para "continuar ganhando a preferência do consumidor".
Analistas também se mostraram preocupados com as menores margens de carne bovina nos Estados Unidos, o que a JBS considerou como uma "normalização" do mercado após os melhores patamares da história em 2021, conforme o CEO global da companhia, Gilberto Tomazoni.
O CEO, por outro lado, destacou que a companhia é forte pela sua diversificação global e também pela variedade de proteínas ofertadas, e que o mercado deveria avaliar melhor a ação da empresa.
"Olhando a nossa diversificação geográfica e de proteínas, e considerando o valuation da nossa empresa, quero crer que o mercado ainda não entendeu a vantagem competitiva dessa nossa diversificação, mas já fico feliz que alguns analistas já perceberam isso...", comentou.
Em análise, a XP citou que a diversificação geográfica e de proteínas da JBS vão ser cada vez mais um destaque nos próximos trimestres.
"Como mencionamos anteriormente, acreditamos que as fusões e aquisições realizadas recentemente devem favorecer a empresa, com uma resiliência rara de ser encontrada para um player de commodities."
(Por Roberto Samora, com reportagem adicional de Paula Arend Laier)