Os juros futuros tiveram alta consistente nesta sexta-feira, 8, encerrando uma semana dominada pela aversão ao risco no exterior e temores da área fiscal. Apenas a sessão de ontem foi de baixa. O IPCA de junho abaixo do consenso teve hoje efeito residual sobre a curva no começo do dia, com o mercado reagindo mais aos sinais emitidos pela abertura do indicador e, principalmente, acompanhando a pressão da curva dos Treasuries. Os dados fortes do payroll de junho reforçaram as apostas num Federal Reserve agressivo na condução da política monetária, enquanto, por aqui, vai ficando cada vez mais apertado o espaço para o Copom encerrar o ciclo de alta de juros em agosto e iniciar ainda no ano que vem o processo de reversão. No balanço da semana, a curva perdeu inclinação.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 13,76% ontem a 13,78% hoje. O janeiro 2024 foi de 13,516% a 13,63%. O janeiro 2025 saltou de 12,799% a 12,96%. E o janeiro 2027 avançou de 12,73% a 12,845%.
Com o movimento acumulado da semana, as taxas, em especial as de curto e médio prazo, terminaram o dia perto das máximas do ano. Em relação à última sexta-feira, enquanto as longas abriram em torno de 25 pontos-base, as curtas subiram cerca de 30 pontos. O diferencial negativo entre os contratos para janeiro de 2027 e janeiro de 2024 abriu de -71,5 pontos na sexta passada para -78,5 hoje.
O fator externo acabou prevalecendo na curva local ante o efeito do IPCA, de queda das taxas, que ficou restrito à primeira meia hora de negócios quando o mercado viu que o índice de 0,67% tinha vindo abaixo da mediana das estimativas (0,71%). Mas assim que começaram leituras mais detalhadas dos preços de abertura, o recuo das taxas foi perdendo força, com núcleos e preços de serviços acima do consenso. A avaliação de que o impacto das medidas do PLP 18 e PEC dos Combustíveis pode levar o índice à deflação em julho e as novas revisões em baixa para o IPCA em 2022 não convenceram o mercado a reduzir prêmio de risco.
Os vencimentos mais longos têm sido penalizados pela piora de risco fiscal e externo, hoje com a repercussão do relatório de emprego nos EUA nas curvas globais. A taxa da T-Note de dez anos se aproximou de 3,10% e a de 2 anos já rompeu tal marca, negociada a 3,14% no meio da tarde, com o mercado embutindo já alguma chance de o Federal Reserve reforçar a dose de aumento de juros, com 100 pontos-base no encontro de julho. A criação de 372 mil vagas de trabalho no mês passado, bem acima da mediana de 275 mil, endossou a mensagem recente dos diretores minimizando o risco de recessão no país.