Os juros futuros fecharam a segunda-feira, 15, em queda firme. O sinal amarelo para a economia global, vindo de dados fracos da China e dos Estados Unidos, foi o principal condutor dos negócios, impondo um viés desinflacionário aos preços e alimentando a expectativa de atuação moderada dos bancos centrais. O anúncio de queda dos preços da gasolina baixa e a baixa generalizada das commodities também contribuíram para o alívio nos prêmios de risco.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,715%, de 13,701% no ajuste de sexta-feira. A do DI para janeiro de 2024 passou de 12,838% para 12,805% e a do DI para janeiro de 2025, de 11,787% para 11,65%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,395% (mínima), de 11,587% no último ajuste.
Nas últimas semanas, desde que o Copom indicou cenário-base de manutenção da Selic a partir de agora e que os temores de escalada dos juros lá fora arrefeceram, o apetite por ativos brasileiros cresceu fortemente e, no mercado de juros, movimentos de realização de lucros têm sido bastante pontuais.
Nesta segunda-feira, as taxas até começaram o dia em alta, pressionadas pela aversão ao risco decorrente da reação a indicadores do varejo e da indústria na China abaixo do esperado, que também fortaleciam o dólar ante as demais moedas. Mas ainda pela manhã passaram a cair, mesmo com o dólar resistindo no campo positivo e com o tombo do índice de atividade industrial Empire State nos EUA para -31,3 em agosto, ante previsão de 5,0 dos analistas.
A provável leitura de que, num quadro de atividade enfraquecida, os bancos centrais não terão espaço para apertar muito os juros acabou prevalecendo e estimulando o fluxo doador na curva. O banco central do povo da China (PBoC, em inglês) se antecipou e cortou as principais taxas de juros.
Para o economista-chefe da JF Truste, Eduardo Velho, a tendência de desaceleração da atividade na China não apontaria reversão no curto prazo, a despeito de alguns estímulos monetários moderados via compulsório e juros adotados nos últimos meses. "Isso tem refletido na redução dos preços do barril do petróleo no mercado internacional, também pressionado pela política de venda das reservas estratégicas de petróleo por parte dos EUA para desacelerar sua inflação interna", afirmou.
O barril do petróleo tanto WTI quanto Brent fechou em queda perto de 3%, a US$ 89,41 e US$ 95,10, respectivamente. O comportamento do óleo tem possibilitado à Petrobras (BVMF:PETR4) ajustar em baixa os preços internos, nesta segunda com anúncio de queda de R$ 0,18 no preço da gasolina às distribuidoras.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho (NYSE:MFG), afirma que embora a desaceleração da economia global facilite a missão do Banco Central, são prematuras as apostas embutidas na curva de corte da Selic já no primeiro trimestre de 2023. "Para o Copom de 1º de fevereiro, a precificação já mostra 50% de chance de queda de 0,25 ponto", informou. "O mercado está bem agressivo, um pouco exagerado se consideramos o risco eleitoral e fiscal no ano que vem. É cedo ainda para prever queda", afirmou.