SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava praticamente estável sobre o real nesta quarta-feira, depois de um momento de volatilidade desencadeado com a notícia de que o presidente Michel Temer foi internado, que acabou alimentando temores de que a votação sobre a denúncia contra ele na Câmara dos Deputados poderia ser atrasada e, assim, colocar ainda mais longe o andamento de importantes medidas econômicas.
Às 15:04, o dólar recuava 0,07 por cento, a 3,2451 reais na venda, depois de acumular avanço de 2,60 por cento nos quatro pregões anteriores.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana chegou a 3,2290 reais e, na máxima, a 3,2604 reais. O dólar futuro tinha leve alta de 0,02 por cento.
Temer passou mal e foi internado em um hospital de Brasília, o que acabou causando confusão na sessão da Câmara dos Deputados onde os parlamentares devem votar a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente, dessa vez por crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa.
A reação do mercado foi imediata, com o dólar subindo em meio às avaliações de que a internação poderia adiar a votação e, assim, atrapalhar o andamento de outras importantes matérias.
O mercado voltou a se acalmar em seguida, após notícias de que Temer está bem e orientar sua base parlamentar a seguir com a votação sobre a denúncia na Câmara dos Deputados.
O placar da votação é importante para o mercado por sinalizar o apoio que o governo terá no Legislativo daqui para frente, indicando o capital político para aprovar importantes medidas econômicas, como a reforma da Previdência.
"A vitória de Temer está praticamente precificada, a novidade será o placar da votação para avaliarmos o capital político que ele terá para aprovar as reformas, especialmente a da Previdência", afirmou mais cedo o analista-chefe da corretora Rico, Roberto Indech.
Nos últimos dias, Temer se empenhou em tentar conseguir 263 votos pela rejeição da segunda denúncia, mesmo placar alcançado na primeira. Para isso, liberou emendas parlamentares e ainda cedeu em uma série de medidas de interesses de deputados para conseguir se manter no cargo.
O cenário externo também estava no foco, com a sucessão do comando do Federal Reserve, banco central norte-americano, tirando o sono dos investidores.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem dito que ainda avaliava pelo menos três nomes: o diretor do Fed Jerome Powell, o economista da Universidade de Stanford John Taylor e a atual chair do Fed, Janet Yellen.
Trump usou um almoço com senadores republicanos na véspera para saber suas opiniões sobre quem ele deveria escolher para comandar o Fed, de acordo com parlamentares que participaram do encontro.
Uma fonte familiar com o assunto disse que mais senadores preferiam Taylor do que o diretor do Fed Jerome Powell, e que Trump também havia dito que estava pensando em indicar Yellen para novo mandato.
Taylor é visto como mais conservador pelos mercados e sua escolha pode significar mais altas dos juros pelo Fed. Juros mais elevados nos EUA tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados ao redor do mundo, o que pode resultar em fluxo de saída de capitais do Brasil.
(Por Thaís Freitas)