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Lava Jato investigará área de Comunicação da Petrobras, diz procurador

Publicado 10.04.2015, 14:47
© Reuters. Logo da Petrobras refletido em janela em prédio da empresa em São Paulo

Por Sérgio Spagnuolo

CURITIBA (Reuters) - As investigações da Operação Lava Jato vão abranger outras áreas da Petrobras, inclusive departamentos "quase intocados", como o setor de Comunicação da empresa, afirmou nesta sexta-feira o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa federal montada para apurar o caso.

O procurador disse também que o MPF irá pedir, junto ao juiz federal Sérgio Moro, o ressarcimento de valores desviados da Petrobras que, inicialmente, podem chegar a 1 bilhão de reais.

A Polícia Federal e o MPF anunciaram nesta sexta-feira uma nova fase da Lava Jato, que abrange investigações sobre empresa de publicidade contratada pela Caixa Econômica Federal e pelo Ministério da Saúde.

À medida que a Operação Lava Jato investiga irregularidades em outros órgãos públicos federais, como em contratos de publicidade do Ministério da Saúde e da Caixa, Santos Lima também indicou que haverá inquéritos sobre outras áreas da Petrobras.

"Desde o aparecimento da funcionária Venina (Velosa Fonseca), nós sabemos de irregularidades na área de Comunicação, mas isso tem sido deixado de lado diante do volume de informações de casos mais relevantes que surgem a todo momento", disse Santos Lima, após coletiva de imprensa na sede da PF em Curitiba.

Venina disse ter alertado a alta cúpula da Petrobras sobre irregularidades na estatal antes das descobertas decorrentes da operação Lava Jato, lançada no ano passado e que investiga um esquema de desvio de recursos da Petrobras por meio de sobrepreços em obras da estatal. A corrupção envolveria políticos e empreiteiras, segundo as investigações, além de ex-diretores da petroleira.

Questionado sobre se as investigações avançariam para a área de Comunicação, ele disse: "Claro. Se permitirem, nós vamos olhar para todos os aspectos da relação da Petrobras e de todos os órgãos que aparecerem".

Procurada, a Petrobras não comentou imediatamente as declarações do procurador. A estatal disse anteriormente que tem colaborado com as investigações.

VALORES A SEREM RESSARCIDOS

O procurador disse ainda que irá solicitar ao juiz Sérgio Moro a liberação de valores a serem devolvidos à Petrobras por perdas relacionadas aos alegados casos de corrupção.

"Hoje, em um ano (após o início das investigações), podemos falar em aproximadamente, sem medo de errar, 1 bilhão de reais de ressarcimento", disse Santos Lima a jornalistas.

"Isso ainda é pouco perto de tudo o que foi desviado", acrescentou, evitando afirmar um montante final desviado, já que as investigações ainda estão em andamento.

"Hoje são 10 bilhões, mas amanhã pode ser 15 (bilhões)", disse.

Ele acrescentou, no entanto, que o montante bilionário de ressarcimento ainda deve demorar por causa de trâmites judiciais, e indicou que o ressarcimento, em um prazo mais curto, seria apenas uma fração disso.

"Eu diria que o valor total, entre apreensões e renúncia, chega em torno de 1 bilhão (de reais), mas acho que podemos falar hoje que talvez a gente consiga retornar em torno de 100 milhões a 120 milhões já para a Petrobras", disse.

"A gente vai fazer isso aos poucos, pois, em relação aos itens não renunciados, eu dependo do trânsito em julgado", acrescentou.

Santos Lima deu como exemplo o ex-gerente-executivo da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, um dos principais operadores da corrupção na estatal e delator do esquema.

"Quando o Barusco, por exemplo, retorna ao país 180 milhões (de reais), esse valor ele já renunciou, então, portanto, já estamos estudando fazer um pedido para o (juiz Sérgio) Moro que determine uma parte desses recursos como devolução para a vítima (Petrobras)", afirmou.

DELAÇÃO DE COSTA

Santos Lima também esclareceu relatos na imprensa nesta sexta-feira de que o delator e ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto da Costa, havia mudado seu depoimento sobre os contratos da estatal, dizendo que não houve superfaturamento.

"Eu creio houve uma má interpretação dos jornalistas nesta notícia, porque na verdade eu acompanhei esse caso desde as primeiras tratativas com o Paulo Roberto, e ele nunca admitiu o superfaturamento, ele sempre admitiu que a Petrobras compunha o preço de uma forma justa", disse Santos Lima.

"Mas o sobrepreço acontece, por conta do cartel que ele permitia, no lucro exacerbado que as empreiteiras conseguiam junto à Petrobras, então 3 por cento (de excedentes para repasses a políticos) para a empreiteira é custo, e ela vai repassar para a proposta", disse.

© Reuters. Logo da Petrobras refletido em janela em prédio da empresa em São Paulo

De acordo com o procurador, no entanto, talvez o Paulo Roberto esteja tentando se proteger um pouco.

"Mas a verdade é que esses 3 por cento foram repassados para a Petrobras… é custo que saiu dos cofres da Petrobras de qualquer maneira, seja o sobrepreço considerado no total ou dentro do lucro", explicou.

"Não muda nada, a ordem dos fatores não vai fazer nenhuma diferença."

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