Magda Chambriard, de 66 anos, é a nova presidente da Petrobras (BVMF:PETR4). A engenheira assume no lugar de Jean Paul Prates, que foi demitido na noite de 3ª feira (14.mai.2024) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A demissão antecipada de Prates e a entrada de Chambriard serão analisadas pelo Conselho de Administração da Petrobras.
Chambriard foi diretora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), de 2012 a 2016. Antes, trabalhou por 22 anos na própria Petrobras, como funcionária de carreira.
Segundo seu perfil no LinkedIn, Chambriard é bacharel em engenharia civil e mestre em engenharia química pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Atua como consultora no setor de petróleo e energias e, desde abril de 2021, é diretora da assessoria fiscal da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
A gestão de Chambriard na ANP foi marcada pela retomada dos leilões de áreas para exploração e produção de petróleo, e pelo vazamento de óleo durante a perfuração de um poço na Bacia de Campos pela empresa norte-americana Chevron (NYSE:CVX). As decisões da executiva em relação ao 2º ponto incluíram a aplicação de multas pesadas a empresas que atuam na operacionalização de plataformas de petróleo, causando discórdias no setor.
Em artigo publicado no mês passado na revista Brasil Energia, a engenheira questionou o PLP (projeto de lei complementar) 29/2024, que introduz o imposto seletivo, chamado de “imposto do pecado”, sobre o petróleo. Conforme Chambriard, “longe de ser pecado”, o petróleo é, na verdade, “a principal fonte de energia primária do Brasil e do mundo”. A nova modalidade de imposto é parte da reforma tributária da equipe econômica de Lula.
Ela também usou o texto para criticar o PL (projeto de lei) 3557/2020, que abrevia o fim do Repetro, o regime especial de incentivo a investimentos na exploração e produção de petróleo. Segundo ela, petroleiras independentes serão prejudicadas com as medidas, levando à perda de competitividade do país no setor.
Em artigo anterior, de novembro de 2023, Chambriard se mostrou alinhada à visão desenvolvimentista do governo. Ela também apoiou, em entrevista concedida à mesma revista, a exploração da Margem Equatorial, na Foz do Amazonas, que enfrenta um braço de ferro com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) para obter licença para perfurar a região caso encontre petróleo.
Chambriard será a 2ª mulher a presidir a Petrobras, depois de Graça Foster (2012-2015). Ela deverá aumentar os investimentos da estatal para ampliar a oferta de empregos e, ao mesmo tempo, segurar o preço dos combustíveis, como quer Lula.
Paralelamente, terá de atuar para garantir a confiança do mercado financeiro e a sustentabilidade da companhia. Neste sentido, deverá rever o plano de negócios da Petrobras de 2025 a 2029, que é de US$ 102 bilhões.
Outro ponto crítico é a definição da política de dividendos da estatal. Durante a gestão Prates, a companhia decidiu pagar R$ 22 bilhões em dividendos extraordinários. O montante equivale à metade dos R$ 43,9 bilhões que poderiam ser pagos referentes ao lucro da estatal em 2023. O tema ainda não está pacificado.