Por Gabriel Codas
Investing.com - A Linx (SA:LINX3) teve lucro líquido ajustado de R$ 2,8 milhões no segundo trimestre, uma queda de 77,5% em relação ao mesmo período de 2019, de acordo com dados divulgados pela produtora de software para o varejo no final da terça-feira. As ações reagem com perdas, também como reflexo do ajuste depois da forte alta da véspera, de mais de 30%, com as notícias da combinação de negócios com a Stone.
Por volta das 10h43, os papéis eram negociados com perdas de 3,78% a R$ 33,10, com mínima em R$ 32,37. A queda vai na contramão do Ibovespa, que operava com alta de 0,61% a 102.809 pontos na primeira hora de negociação.
Em termos ajustados, o lucro da Linx foi de R$ 12 milhões, salto de 175,1%, em desempenho que refletiu reversão líquida de ‘earn-outs’ significativamente menor e ajuste no quadro de funcionários em junho, além de efeitos cambiais.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 49,49 milhões, queda de 11,6% ano a ano, com margem Ebitda passando de 29,1% para 23,2%.
A receita operacional líquida cresceu 10,8%, para R$ 213,45 milhões, enquanto o custo dos serviços prestados aumentou 4,2%, para 51 milhões de reais. As despesas gerais e administrativas subiram 17,3%, para 44,38 milhões de reais.
O caixa líquido da companhia no segundo trimestre ficou em R$ 212,9 milhões. Em termos ajustados, seria de R$ 400,3 milhões.
Ao final do segundo trimestre, a Linx atingiu uma taxa de renovação de clientes de 99%, o mesmo patamar dos primeiros três meses do ano mesmo diante do cenário de Covid-19.
Acordo com Stone
A empresa de meios de pagamento Stone anunciou na terça-feira acordo vinculante para unir sua área de software com a Linx, numa transação em dinheiro e ações que avalia a produtora de programas para varejo em 6,4 bilhões de reais.
O anúncio encerra meses de rumores envolvendo as duas empresas e ocorre em meio a uma revolução em andamento no mercado brasileiro de pagamentos liderado pelo Banco Central e impulsionado pelos impactos da pandemia de coronavírus.
O acordo será implementado por meio de uma fusão de ações no Brasil, com cada ação da Linx sendo trocada por uma nova ação PN classe A e B da Stone. Após outras etapas, o valor base da operação será de 33,7625 reais por ação da Linx, considerando o preço da ação da Stone com base em 7 de agosto. Até o fim de junho, segundo dados da B3, a Linx tinha 189.408.960 ações.
Segundo a Stone, o valor base representa ágio de 41,6% sobre o preço médio das ações da Linux nos 60 dias anteriores a 7 de agosto e de 28,3% considerando os 30 dias prévios a esta data.
Visão dos analistas
Para o Credit Suisse, aquisição reflete as iniciativas ainda empresa, ainda em estágio inicial, nos segmentos de banking, pagamentos e comércio eletrônico, mas não levam em conta possíveis sinergias Para os analistas, a maior parte dos ganhos deve vir de cross-selling, acrescentando que os clientes da Linx podem adicionar R$ 1,5 bilhão em receitas.
Já os analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) dizem que o acordo entre as duas empresas fazem bastante sentido, embora inesperado. Com o acordo, a Stone deve atingir 45,6% do setor de varejo no Brasil, que é a participação de mercado da Linx no segmento de software de gestão, totalizando 70 mil varejistas. Na avaliação do banco, a Stone pode oferecer seus serviços de pagamento e financeiro junto com as soluções da Linx.
No entanto, o banco rebaixa a recomendação dos papéis da Linx para neutra depois do rali na véspera, o que elimina potencial de valorização, ainda mais que o acordo vai envolver fusão de ações.
Os analistas do BTG alertam, no entanto, o risco de ficar de fora das ações da Linx caso haja uma corrida pelos ativos da empresa de software, apesar de ser improvável na visão do banco. O banca faz a ressalva de que a Red possa ser uma das maiores impactadas negativamente com a fusão das duas empresas, pois a empresa de pagamentos do Itau Unibanco detém 40% dos R$ 89 bilhões do processo de TPV da Linx, o que levaria 7,3% do total da TPV da Rede às mãos da Stone.
Em relação ao balanço, o BTG aponta que a receita recorrente e o Ebitda vieram acima das estimativas do banco e do mercado.