Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A varejista de moda Lojas Renner (SA:LREN3) teve lucro líquido superior a 1 bilhão de reais pela primeira vez na história em 2018, apoiada em alta de dois dígitos na receita e controle de despesas, e observa um ritmo de vendas e fluxo de visitantes nas primeiras semanas de 2019 parecidos com o do quarto trimestre.
"Tivemos planejamento específico para esse alto verão e para o Carnaval também. Teremos cápsulas de coleção específicas e voltadas para esse período e vemos bom fluxo e manutenção do ritmo que vínhamos tendo no fim do ano passado", disse à Reuters o diretor financeiro e de relações com investidores da Lojas Renner, Laurence Gomes.
Segundo ele, as condições macroeconômicas já se mostram mais favoráveis, mas ainda há um certo grau de incerteza em relação ao ritmo de andamento de reformas importantes, o que certamente terá reflexo na confiança de empresários e consumidores.
No quarto trimestre, o lucro líquido da Lojas Renner subiu 32,5 por cento sobre o mesmo período de 2017, para 439,8 milhões de reais, acima da média de previsões de analistas compilada pela Refinitiv, de 434,02 milhões de reais.
No ano, a varejista de moda lucrou 1,02 bilhão de reais, superando em 39,2 por cento o resultado de um ano antes, com alta de 2,5 pontos percentuais na margem líquida, para 13,6 por cento.
"Foi um ano com períodos bastante distintos... Tivemos um primeiro semestre bastante desafiador, com a greve de caminhoneiros, Copa do Mundo e clima não tão favorável, mas recuperamos nível de vendas quando entramos com primavera verão no segundo semestre", explicou Gomes.
A receita líquida trimestral subiu 16,8 por cento ano a ano, para 2,595 bilhões de reais, elevando o faturamento anual para 7,485 bilhões de reais. No conceito mesmas lojas, houve expansão de 12 por cento no quarto trimestre e de 7,4 por cento em 2018.
Já o desempenho operacional medido pela lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado total somou 742,7 milhões de reais entre setembro e dezembro, alta de 23,1 por cento na comparação com o quarto trimestre de 2017.
A maior geração de caixa e o cenário de juros mais baixos permitiu à Lojas Renner reduzir o endividamento líquido para 505,3 milhões de reais ao fim de dezembro, de 659,8 milhões de reais um ano atrás.
Enquanto isso, os investimentos recuaram 2,8 por cento em relação ao último trimestre de 2017, para 223,8 milhões de reais, dos quais 57,5 por cento foram destinados à abertura de 19 novas lojas e remodelações.
A companhia encerrou o ano de 2018 com um total de 354 lojas, incluindo sete no Uruguai. No fim de janeiro, a Lojas Renner anunciou planos de expansão para a Argentina, onde abrirá três lojas no segundo semestre de 2019 em Buenos Aires e Córdoba.
"É um mercado volátil, mas nossas decisões são de longo prazo e vamos entrar com apenas três lojas, então o risco é mitigado", explicou Gomes ao ser questionado sobre a fragilidade da economia argentina.
Segundo o executivo, a Lojas Renner concentrará os esforços este ano no plano de internacionalização, na transformação digital do negócio por meio da omnicanalidade e no ganho de participação de mercado no Brasil.
A companhia não informa a representatividade do comércio eletrônico no total de vendas, mas Gomes observou que o crescimento da plataforma lançada em 2010 foi cinco vezes superior à taxa do vestuário no mercado online no Brasil em 2018.
As ações da Lojas Renner já subiram cerca de 2,5 por cento em 2019, depois de cinco consecutivos de valorização. Somente em 2018, a alta foi de mais de 21 por cento.