Por Parisa Hafezi
DUBAI (Reuters) - Milhares de apoiadores do establishment clerical do Irã se reuniram em Teerã nesta segunda-feira, acusando os Estados Unidos e Israel de instigarem os protestos antigoverno mais violentos em mais de uma década na República Islâmica.
Milhares de iranianos jovens e da classe trabalhadora foram às ruas no dia 15 de novembro --quando foram anunciados aumentos de ao menos 50% nos preços da gasolina--, para expressar revolta com mais uma pressão sobre o custo de vida que agrava as dificuldades impostas pela renovação das sanções dos EUA.
Os manifestantes logo ampliaram suas exigências, clamando pela retirada de líderes que afirmam serem corruptos e não prestar contas. A violência irrompeu e ao menos 100 bancos e dezenas de edifícios foram incendiados, nos piores distúrbios desde que os tumultos causados por uma suposta fraude eleitoral foram reprimidos em 2009, e dezenas de pessoas foram mortas pelas forças de segurança.
Nesta segunda-feira, a televisão estatal veiculou imagens ao vivo de manifestantes bradando "Morte à América" e "Morte a Israel" enquanto marchavam rumo à Praça da Revolução de Teerã para ouvir um discurso de um comandante da Guarda Revolucionária de elite.
A TV estatal e o Ministério das Relações Exteriores vinham divulgando a manifestação organizada pelo governo desde domingo em reação a comunicados ocidentais em apoio aos protestos contra os aumentos de preços do combustível.
"Recomendo que eles (países estrangeiros) assistam as marchas hoje, para verem quem é o verdadeiro povo do Irã e o que está dizendo", disse o porta-voz da chancelaria, Abbas Mousavi.
A República Islâmica acusa "bandidos" ligados a exilados e inimigos estrangeiros --EUA, Israel e Arábia Saudita-- de atiçarem os tumultos nas ruas, durante os quais cerca de 115 manifestantes foram mortos, segundo a Anistia Internacional.
"Morte ao ditador! É hora de você sair!", diziam manifestantes em vídeos publicados por iranianos de dentro do país nas redes sociais. A Reuters não conseguiu verificar as imagens.
Autoridades estatais alertaram os "arruaceiros" para uma punição severa se os tumultos continuarem. No final da semana passada, elas disseram que os distúrbios haviam cessado, mas vídeos sem comprovação publicados nas redes sociais depois que restrições à internet foram suspensas parcialmente levaram a crer que protestos esporádicos continuavam em partes do país.