Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - A CCR (SA:CCRO3) teve um salto no lucro do primeiro trimestre, apoiada em receitas extraordinárias oriundas de um aditivo com o governo paulista, mas os resultados foram menores em bases comparáveis, ainda refletindo os efeitos das restrições de circulação impostas para conter a pandemia de Covid-19.
A operadora de concessões de rodovias, aeroportos e de mobilidade urbana informou nesta quinta-feira que seu lucro líquido de janeiro a março somou 688,9 milhões de reais, aumento de 137,8% sobre um ano antes. Excluindo efeitos extraordinários, o lucro somou 126 milhões de reais, queda de 56,5% ano a ano.
No relatório de resultados, a companhia apontou recuperação do tráfego nas rodovias que administra. Na comparação ano a ano, o fluxo de veículos teve crescimento de 1,7%. Porém, o movimento de passageiros em aeroportos e operações como metrô seguiram cerca de 50% menores do que antes da pandemia.
"Nossa avaliação é de que o pior já ficou para trás", disse à Reuters a superintendente de relações com investidores da CCR, Flávia Godoy. Segundo ela, no entanto, a recuperação do tráfego nas concessões de aeroportos e de mobilidade deve ser um pouco mais lenta, acompanhando o avanço da vacinação.
No primeiro trimestre, embora a receita líquida tenha crescido 44,1%, a 3,44 bilhões de reais, em termos ajustados, caiu 3,7%, para 2,3 bilhões de reais.
Da mesma forma, o resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado cresceu 70,7%, a 2,5 bilhões de reais. Mas usando as mesmas bases de comparação, o Ebitda foi de 1,37 bilhão de reais, queda de 6,7%, com a margem de 59,5% ficando 1,9 ponto percentual menor.
Analistas, em média, esperavam Ebitda de 1,84 bilhão de reais para a CCR no primeiro trimestre, segundo dados da Refinitiv. Não ficou imediatamente claro se os dados são comparáveis.
A diferença entre os comparativos líquidos e mesma base deve-se ao fato de ter obtido em março acordos de reequilíbrio, como o aditivo da ViaQuatro, sua unidade que opera o metrô paulistano, que lhe renderão mais de 1 bilhão de reais por atrasos em obras a serem operadas pela empresa.
A CCR fechou março com alavancagem financeira medida pela relação entre dívida líquida/Ebitda ajustado fechou o trimestre em 2,4 vezes, estável em relação a um ano antes.
A companhia venceu disputas por grandes concessões nos últimos meses. Em março, pagou 3,5 bilhões de reais pela concessão de 15 aeroportos leiloados pelo governo federal no Sul e Centro-Oeste do país.
E no mês passado, um grupo liderado pela CCR venceu o leilão para concessão das linhas das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com oferta de 980 milhões de outorga.
Na semana passada, a Andrade Gutierrez avisou a CCR sobre intenção de vender sua fatia de 14,86% na empresa após oferta vinculante feita pela IG4 Capital.