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Por Marta Nogueira e Stephen Eisenhammer
RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) - A mineradora Vale teve lucro líquido 6,311 bilhões de reais no primeiro trimestre de 2016, superando estimativa de analistas e retornando ao lucro pela primeira vez em três trimestres, com a contribuição de uma recuperação dos preços do minério de ferro e da valorização do real frente ao dólar.
O resultado divulgado nesta quinta-feira, que se contrapõe a um prejuízo líquido de 9,538 bilhões de reais no mesmo período de 2015, impulsionou as ações da companhia, que operavam em alta de mais de 4 por cento às 14:25, enquanto executivos da mineradora apontaram para um cenário melhor para o mercado de minério de ferro, o principal produto da maior produtora global da commodity.
Em dólares, o lucro da empresa foi de 1,776 bilhão no período, superando a previsão média do mercado, de lucro de 1,06 bilhão de dólares, segundo pesquisa da Reuters.
A Vale teve lucro após reportar no quarto trimestre de 2015 o pior prejuízo de sua história pelo menos desde a privatização, principalmente devido a baixas contábeis em meio aos fracos preços do minério.
O primeiro trimestre foi classificado como "auspicioso" pelo diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Luciano Siani, que acrescentou que o resultado foi "muito influenciado" pelo efeito da apreciação do real na dívida denominada em dólar. Ao longo do trimestre, a moeda dos EUA caiu de 3,90 para 3,56 reais, lembrou o executivo.
Os preços do minério cresceram cerca de 25 por cento nos três primeiros meses do ano e, combinados com taxas mais baixas de frete, contribuíram para aumentar margens e gerar caixa.
No primeiro trimestre, o custo do minério entregue na China caiu para 28 dólares a tonelada, ante 31 dólares no último trimestre de 2015. Houve também uma redução das taxas de frete e recordes na produção de minério, níquel e cobre.
O analista Paul Gait, do Bernstein, ressaltou a geração de caixa, medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização --o Ebitda ajustado somou nos primeiros três meses 7,685 bilhões de reais, alta de 66 por cento ante o mesmo período do ano passado.
"Este é um bom resultado, impulsionado pela melhoria das margens Ebitda em grande parte no negócio de minério de ferro", escreveu Gait, em uma nota a clientes.
O analista do BTG Pactual (SA:BBTG11) Leonardo Correa afirmou em relatório que os resultados foram "muito fortes" e destacou que o Ebitda veio 41 por cento acima de sua expectativa. "Em anos cobrindo Vale, nós não nos lembramos de subestimar resultados com uma margem tão ampla", declarou.
Para o analista do UBS Andreas Bokkenheuser, os resultados foram positivos e podem amparar revisões de estimativas para o ano, embora 2017 ainda tenha incertezas no horizonte.
"O forte início de ano deve dar suporte a revisões para cima no consenso (de projeções). Mas à medida que os analistas continuam com visão baixista sobre o minério de ferro, é menos claro quanto rola para 2017", afirmou Bokkenheuser.
A receita operacional líquida da Vale somou 22,067 bilhões de reais no primeiro trimestre, alta de 22 por cento ante o mesmo período de 2015.
OTIMISMO COM MINÉRIO
Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, mostrou otimismo em relação aos preços do minério de ferro, com uma melhora do mercado na China e o fechamento de minas naquele país.[nL2N17V10P]
"Minha percepção, a partir de observações com uma frequência bastante grande, é que o mercado físico está em uma posição bem melhor do que eu mesmo podia imaginar, se me fizessem uma pergunta em agosto e setembro do ano passado", afirmou Ferreira.
Já o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani, frisou que a empresa está atenta.
"A Vale entra nesse segundo trimestre, que ainda é um trimestre de recuperação de preços, com bastante otimismo, mas não vai baixar a guarda", disse Siani em vídeo.
Segundo o executivo, a empresa continuará trabalhando para aumentar a competitividade, concluir o seu principal projeto de minério de ferro S11D, no Pará e, portanto, reduzir a dívida para voltar a pagar dividendos "generosos" aos acionistas.
"Esse é o nosso objetivo", frisou o diretor.
FOCO NA REDUÇÃO DA DÍVIDA
Ao reconhecer resultados acima do esperado, analistas de mercado cobraram nesta quinta-feira o foco da mineradora para reduzir dívida, que subiu para 27,7 bilhões de dólares, ante 25,2 bilhões de dólares ao final de 2015, apesar do forte Ebitda.
O aumento da dívida aconteceu principalmente devido ao impacto do câmbio na conversão da parcela da dívida denominada em real para dólar e ao fluxo de caixa livre negativo.
A Vale avalia a venda de ativos essenciais para reduzir a sua dívida líquida em 10 bilhões de dólares até 2017.