Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O BV teve leve queda no lucro do terceiro trimestre, afetado pela desaceleração na sua atividade principal de financiamento de veículos usados e por maiores provisões para perdas com calotes.
A instituição controlada por Grupo Votorantim e Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) anunciou nesta segunda-feira que seu lucro líquido recorrente de julho a setembro somou 387 milhões de reais, baixa de 4% ante o mesmo período de 2021. A rentabilidade sobre o patrimônio caiu 1,3 ponto percentual, a 12,6%.
Segundo o presidente-executivo do BV, Gabriel Ferreira, esse resultado refletiu a fraqueza do mercado de financiamento de veículos usados, "que teve a maior queda nos últimos 10 anos, em um ambiente de alto endividamento das famílias".
A estoque de empréstimos do BV fechou setembro em 78,3 bilhões de reais, alta de 4% em 12 meses, com a carteira de veículos encolhendo 4%, com o preço dos carros usados caindo forte no comparativo anual, ao mesmo tempo em que o banco conteve as concessões num ambiente de taxa de juros mais alta.
Em um cenário de renda do consumidor pressionada pelo efeito combinado de inflação e juros mais altos, o índice total de atrasos superiores a 90 dias subiu 1,1 ponto percentual ano a ano (0,5 ponto sequencial), para 4,8%. A provisão para perdas esperadas com calotes aumentou 37,7%.
"Os índices de inadimplência convergiram para níveis mais similares aos de antes da pandemia mais rápido do que esperávamos", disse Ferreira em entrevista à Reuters.
Um efeito ainda maior desse ambiente adverso foi amortecido em parte no BV pelo performance mais positiva de segmentos como a carteira de atacado e do que o banco chama de avenidas de crescimento, caso do crédito para compra de painéis solares, cuja carteira quase dobrou em um ano.
O executivo disse que o BV tem histórico de renegociar um percentual muito baixo dos empréstimos que concede, o que foi mantido no último trimestre, mas não deu detalhes. Ele disse ainda que a empresa não fez revenda de carteiras no período.
Ferreira se disse confiante na capacidade do BV de "pilotar o ciclo de crédito" e que o esforço do banco para os próximos trimestres será no sentido de evitar novos aumentos dos índices de inadimplência, embora tenha alertado para a possibilidade de possível alta dos atrasos em empréstimos para grandes empresas.
O chamado "NPL creation", espécie de prévia do índice 90 dias, somou 965 milhões de reais no trimestre, 45,6% maior em 12 meses.
(Edição Paula Arend Laier)