PEQUIM (Reuters) - Pelo quinto mês consecutivo, a indústria chinesa mostrou desaceleração nos lucros. Em setembro, as vendas de matéria-prima e produtos manufaturados caíram, apontando uma baixa demanda doméstica na segunda maior economia do mundo.
A desaceleração acompanha dados da semana passada, que mostraram que a produção industrial teve, em setembro, o menor crescimento desde fevereiro de 2016.
Lucros menores das empresas devem pressionar o emprego e impactar o consumo das famílias e o crescimento geral do país.
Os lucros industriais cresceram 4,1 por cento em setembro, ante mesmo mês do ano anterior, para 78,57 bilhões de dólares, informou neste sábado o Serviço Nacional de Estatísticas. Esse crescimento foi menos da metade do observado em agosto, e o menor desde março.
Os ganhos de setembro foram pressionados pela desaceleração da produção e das vendas, e também pela pela de fôlego na alta dos preços. Também impactou uma base estatística alta do ano anterior, disse He Ping, do Serviço Nacional de Estatísticas.
A crescente guerra comercial com os Estados Unidos também pressionou a produção geral, o que pode prejudicar os investimentos e os lucros nos próximos meses.
Dados da semana passada mostraram que a economia chinesa cresceu no terceiro trimestre no menor ritmo desde a crise financeira global de 2008, devido à queda da produção de manufaturados.
O setor também foi prejudicado pela redução nas fontes de crédito por causa da atuação de Pequim no déficit corporativo e pelo endurecimento nas exigências para empréstimos.
Embora as autoridades estejam tomando medidas para amenizar a pressão sobre as empresas com problemas de liquidez, muitas delas ainda estão com dificuldade de obter crédito. As taxas de juros sobre empréstimos também cresceram, devido à menor oferta.
A apatia do mercado imobiliário – um motor de crescimento econômico –diminuiu a demanda por bens e serviços de construção, também ajudando a explicar o resultado ruim da indústria.
Também contribuiu para o resultado um menor investimento em infraestrutura, apesar de Pequim ter aprovado mais projetos na segunda metade deste ano.
De janeiro a setembro, o lucro industrial cresceu 14,7 por cento, impulsionado pelas indústrias de aço, materiais de construção, petróleo e petroquímicos. Mesmo assim, o ritmo foi menor que os 16,2 por cento observados no primeiro semestre. (Reportagem de Ryan Woo e Zhang Min)