Por Eduardo Simões e Ricardo Brito
(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que pretende criar um novo ministério para cuidar das médias e pequenas empresas além das cooperativas e dos empreendedores individuais, em um anúncio que foi visto com ressalvas por integrantes do centrão e aliados na Esplanada dos Ministérios.
Em sua live semanal, Lula afirmou que cabe ao Estado incentivar este setor com a concessão de crédito e de oportunidades.
"Nós vamos criar, eu estou propondo a criação do Ministério da Pequena e Média Empresa, das Cooperativas e dos Empreendedores individuais, para que tenha um ministério específico para cuidar dessa gente que precisa de crédito e de oportunidade", disse o presidente.
O anúncio da criação de um novo ministério vem em um momento em que Lula busca atrair forças políticas do chamado centrão para seu governo, em um esforço para ampliar sua base de apoio no Congresso Nacional.
Lula tem afirmado que deve fazer em breve mudanças no primeiro escalão do governo, e o PP, partido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (AL), e o Republicanos devem indicar nomes para ministério. Os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) têm sido apontados como possíveis ministeriáveis.
SEM EMPOLGAÇÃO
O anúncio do novo ministério, entretanto, não foi bem recebido por lideranças políticas.
O grupo ligado a Lira e integrantes do centrão já disseram que não estão dispostos a assumir a nova pasta, disse uma fonte ligada a Lira. O PP espera um ministério com maior peso político e tem mirado no Ministério do Desenvolvimento Social, que atualmente é ocupado pelo petista Wellington Dias.
Por outro lado, o Palácio do Planalto também já recebeu a informação de que o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), não toparia ser deslocado para a nova pasta, segundo outra fonte, essa palaciana.
O Republicanos chegou a mirar a pasta comandada por França.
Uma das ideias em discussão, segundo a fonte palaciana, seria deslocar a atual ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos (PCdoB), para a pasta recém-anunciada e contemplar com a vaga aberta algum dos dois novos partidos.
O grupo de Lira, segundo a fonte ligada a ele, tem avaliado que a conclusão das mudanças ministeriais têm demorado mais do que o recomendável e que a Câmara poderá dar uma resposta ao governo em plenário numa futura votação.