SÃO PAULO (Reuters) - O Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) espera ganhar participação de mercado este ano em meio a uma "racionalidade" maior na concorrência, que tem permitido uma redução no custo de aquisição de clientes e o repasse aos preços de aumentos de impostos e despesas com itens como logística, afirmou o presidente-executivo, Frederico Trajano, nesta sexta-feira.
O executivo não mencionou o nome da rival Americanas em conferência com analistas sobre o resultado do quarto trimestre divulgado na noite da véspera, mas citou que o desempenho de vendas de janeiro "ficou acima das expectativas".
A Americanas mergulhou em um turbulento processo de recuperação judicial este ano após a revelação em janeiro de problemas contábeis da ordem de 20 bilhões de reais.
"Nunca presenciei um mercado tão racional, todo mundo querendo dar lucro, repassando aumento de imposto, aumento de combustível", afirmou o executivo. "Nesse cenário tendemos a ganhar participação de mercado", acrescentou, citando ainda que a empresa tem possibilidade de elevar comissões cobradas de vendedores no marketplace, conhecidas como "take rate".
As ações do Magazine Luiza tinham alta de 0,6% às 13h21, invertendo queda de mais de 6% vista pela manhã. Na noite de quinta-feira, a empresa divulgou prejuízo líquido de 36 milhões de reais para o quarto trimestre, mas melhora no desempenho operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
Trajano afirmou que o Magazine Luiza mantém a estratégia de crescer nos segmentos de produtos com preços maiores e aposta em uma retomada neste ano na expansão do comércio eletrônico nacional em ritmo maior que o de lojas físicas.
"O Magalu quer crescer em categorias de tíquetes maiores, pois representam uma perspectiva economicamente melhor por produto", disse Trajano, comentando que o foco da empresa está em melhora da margem Ebitda.
O executivo afirmou que as operações com produtos de terceiros no marketplace da companhia "já estão apresentando margem de contribuição positiva".
"Queremos continuar crescendo em categorias acima de 300 reais (de tíquete) e continuar dominando acima de 1.000 reais", afirmou Trajano.
A empresa está operando a logística para vendedores de seu marketplace a partir de cinco centros de distribuição, mas Trajano afirmou que o Magazine Luiza que levar o serviço conhecido como "fulfillment" para praticamente todos os 20 CDs da companhia.
Por ora, a empresa não está cobrando pelo serviço e Trajano não mencionou quando isso poderá ocorrer, mas os custos têm sido apoiados por uma redução nos estoques de produtos próprios, que têm aberto espaço nos galpões para os itens dos vendedores do marketplace.
Por sua vez, o diretor financeiro, Roberto Bellissimo Rodrigues, afirmou que está vendo sinais de redução na inadimplência acima de 90 dias da financeira Luizacred do grupo, após redução nas concessões de crédito iniciada no final de 2021.
"Vimos dezembro e janeiro uma inadimplência muito boa...e prevemos uma tendência positiva ao longo do ano também", disse Rodrigues. "Ao longo deste ano, no segundo semestre especialmente, deve voltar a cair a inadimplência acima de 90 dias", acrescentou. O executivo citou que o índice pode chegar a cerca de 9% até o final do ano após 10,2% no fim de 2022.
(Por Alberto Alerigi Jr.)