Money Times - A reação do mercado sobre as últimas pesquisas eleitorais, que colocam Jair Bolsonaro na liderança pelo cargo de presidente da República, mostra que os investidores optaram por dar o benefício da dúvida para ele, apesar das incertezas, avalia a MCM Consultores em uma análise publicada nesta quinta-feira (4).
Para a consultoria, caso esse cenário persista se Bolsonaro for eleito, a economia brasileira será beneficiada a curto prazo. Uma valorização substantiva do Real, por exemplo, reduzirá a inflação de preços regulados e levará o IPCA a encerrar o ano mais próximo dos 4%, e não de 4,5%. Isso refletirá também nas expectativas para a inflação em 2019, tornando-as mais positivas.
É possível que a eventual eleição de Bolsonaro leve a conjuntura econômica a evoluir inicialmente. No entanto, esse “cenário de retomada” aparentemente terá vida relativamente curta, já que não se vê o desenvolvimento das condições necessárias para a materialização de reformas econômicas desejáveis. Tais reformas seriam essenciais para a sustentabilidade fiscal e para a melhora do ambiente de negócios no país.
O mercado vê quatro principais problemas na não-concretização dessas reformas econômicas. O primeiro diz respeito à campanha eleitoral, que tem boa parte do seu tempo dedicado a divulgar soluções simplistas e até mesmo irreais. O segundo vê as grandes dificuldades que o presidente eleito terá em promover mudanças relevantes na gestão pública e aprovar reformas no Congresso.
O terceiro problema trata da escolha das prioridades e da estratégia de votação das reformas, pontos que exigirão habilidade política que poucos políticos têm. E o quarto e último deles diz que a própria melhora do cenário econômico no início de um governo “abençoado pelo benefício da dúvida” poderá enfraquecer o grau de convicção do novo presidente em relação a diversos temas controversos.
Acredita-se que a evidente melhora do mercado financeiro brasileiro está, na verdade, longe de conquistar o “cenário de retomada”. Mesmo com Bolsonaro eleito, o principal cenário é o da estagnação, argumenta a MCM.
Por Money Times