Por Nicolás Misculin
BUENOS AIRES (Reuters) - O governo do presidente argentino, Javier Milei, estava tentando salvar o seu abrangente pacote de reformas econômicas nesta quarta-feira, após o Congresso desferir um duro golpe contra ele na véspera, colocando em dúvida o seu futuro e provocando uma queda nos mercados financeiros.
Parlamentares da Câmara dos Deputados rejeitaram várias propostas cruciais do projeto de lei na terça-feira e o enviaram de volta para uma comissão, de volta ao ponto de partida.
O governo afirmou que estava procurando maneiras de manter o projeto de lei vivo.
“Todas as ferramentas constitucionais estão sendo avaliadas”, disse o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira. “Em algum momento, a lei se tornará uma realidade.”
A chamada “lei ônibus” de Milei, que já havia sido significativamente retrabalhada pelos parlamentares antes da derrota de terça-feira, incluía disposições que permitiriam a privatização de entidades estatais e dariam maiores poderes ao presidente, além de mudanças a centenas de regulamentações.
O governo agora está ponderando se a dividirá em diferentes projetos de lei, afirmou o parlamentar do partido governista Oscar Zago, em entrevista à emissora de rádio Urbana.
Zago, que lidera o bloco minoritário do partido governista na Câmara dos Deputados, disse que um referendo nacional não-vinculante também poderia ser realizado para angariar apoio ao projeto de lei.
Milei, que acusou parlamentares da oposição de “traição” por terem votado contra algumas das propostas mais importantes, defende que reformas são necessárias para resgatar a Argentina da sua pior crise econômica em décadas, com inflação acima de 200%.
O mercado acionário argentino caía mais de 5% nesta quarta-feira e o peso se enfraquecia em mais de 3%.
(Reportagem de Nicolás Misculin)