Por Michelle Price e Carolina Mandl e Lananh Nguyen
WASHINGTON/NOVA YORK (Reuters) - Muitos executivos de Wall Street têm reservas quanto ao apoio a qualquer um dos candidatos na eleição presidencial dos Estados Unidos, preocupados que as políticas do ex-presidente Donald Trump prejudiquem a economia, mas desconfiados de que a vice-presidente, Kamala Harris, se inclinará muito para a esquerda.
Embora vários figurões de Wall Street, incluindo Bill Ackman, John Paulson e George Soros, tenham escolhido um candidato, muitos outros executivos ainda estão avaliando as políticas econômicas centrais e as ramificações para as instituições legais e democráticas, de acordo com conversas com duas dúzias de executivos nas últimas semanas.
Apesar de um histórico de implementação de medidas favoráveis a Wall Street, as políticas do candidato republicano Trump ameaçam criar instabilidade econômica e política, segundo muitos executivos.
Kamala seria uma direção segura, mas ela só é a candidata democrata desde o final de julho, quando o presidente Joe Biden desistiu da disputa, e continua sendo uma grande incógnita, disseram. Muitos temem que a vice-presidente dê continuidade à repressão regulatória de Biden a negócios lucrativos de Wall Street.
Entre os executivos, estão republicanos e democratas, incluindo alguns que estão apoiando publicamente Trump ou Kamala, e outros sem nenhuma afiliação partidária óbvia.
"A maioria espera que Trump continue de onde parou, o que certamente é mais populista, protecionista e agressivamente desregulamentador", disse Bruce Mehlman, sócio da empresa de lobby bipartidária Mehlman Consulting, com clientes em todos os setores.
"Mas eles estão ansiosos para entender melhor quem é Kamala e no que ela acredita", disse Mehlman, acrescentando que não parece que o discurso econômico de Kamala na última quarta-feira tenha oferecido mais informações para as empresas de Wall Street.
Assim como em sua primeira Presidência, Trump está prometendo cortar impostos e regulamentações, mas a maioria dos executivos disse que os benefícios poderiam ser anulados pelo seu plano de tarifas de importação, que poderiam provocar inflação, e os cortes de impostos potencialmente aumentariam o déficit dos EUA.
Paulson, investidor bilionário e apoiador de Trump, disse à Reuters durante um evento em Nova York em setembro, no qual Trump delineou seu plano econômico, que as tarifas aumentariam as receitas, ajudando a reduzir o déficit.
O plano de Kamala, que, segundo analistas, seria melhor para a economia, defende aumento dos impostos, o que provavelmente prejudicaria os lucros e as ações das empresas, mas compensaria parcialmente o aumento esperado do déficit.
Em um email para a Reuters, o empresário bilionário e apoiador de Kamala, Mark Cuban, observou que as ações subiram quando os impostos das empresas eram mais altos, acrescentando: "Qualquer coisa que seja um passo em direção à redução do déficit é uma vantagem".
Mas ele disse que ambos os candidatos estão fazendo promessas que talvez não consigam cumprir. "As políticas de nenhum dos candidatos têm detalhes sobre como seriam aprovadas."
Para muitas empresas, uma Casa Branca com Kamala e um Senado de maioria republicana, que bloquearia aumentos de impostos e forçaria Kamala a escolher nomes moderados para cargos importantes, é o melhor cenário possível.