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Multinacionais espanholas dizem em fórum que pior da crise pode ter passado

Publicado 26.04.2013, 12:24

Pequim, 26 abr (EFE).- O Conselho Empresarial para a Competitividade (CEC), organismo que reúne as principais multinacionais da Espanha, considera que existem indícios de que "o pior da crise terminou" e o ciclo econômico poderia mudar no final deste ano ou no próximo.

Na apresentação em Pequim do relatório "Espanha, terra de oportunidades", elaborado por analistas do CEC, o economista Alfredo Pastor, ex-secretário de Estado de Economia, assegurou nesta sexta-feira diante de representantes de grandes investidores públicos e privados do país asiático que "há razões para pensar que o pior da crise terminou e o ciclo poderia mudar em 2013 ou 2014".

Após ser anunciado ontem que mais de seis milhões de pessoas estão desempregadas na Espanha, ou 27% da população ativa, Pastor afirmou que a taxa é um "doloroso" preço de uma reforma trabalhista que com o tempo recuperará a economia.

"A dolorosa reforma em algum momento dará seus frutos. O problema é que é preciso esperar e ninguém sabe quanto", afirmou Pastor, que também é professor da escola de negócios europeia CEIBS, uma das mais tradicionais do mundo e com sede na China.

A flexibilidade laboral, assinalou, "causa mais demissões mas também mais contratações", e reconheceu que "vai demorar um longo tempo até o desemprego causado pela bolha imobiliária ser digerido", algo que para a Espanha "não é novo", já que o país também viveu um problema similar em 1985, com a reconversão industrial.

Pastor lembrou que a Espanha "foi um êxito econômico de 60 anos", passando a ser um país pobre nos anos 50 e uma das principais economias da Europa antes da crise, e que "os ingredientes para o sucesso continuam".

O economista ressaltou que na Espanha atual, além das notícias macroeconômicas ruins que costumam aparecer na imprensa, existem dados positivos, como o fato da cota do país na exportações mundiais ter caído apenas 9%, contra 40% da França e 32% dos Estados Unidos.

O economista frisou que a Espanha é um país "inovador", que possui quatro das 20 melhores escolas de negócios do planeta e 21 empresas na elite das que mais investem em pós-graduação em toda Europa.

Diante das agruras financeiras atravessadas pela Espanha, particularmente em 2012, Pastor destacou que outros países europeus também passaram por problemas, mas "estes não apareceram nos jornais porque injetaram dinheiro que não tiveram que pedir emprestado".

"Nosso sistema bancário não está em tão mal estado como alguns imaginam", assegurou, para acrescentar que finalmente só foi preciso injetar nos bancos metade dos 60 bilhões de euros originalmente calculados. Pastor ressaltou ainda que os bancos espanhóis passaram com sucesso por três exigentes testes de estresse.

O CEC agrupa presidentes e conselheiros executivos de 18 multinacionais da Espanha e tem como objetivo promover o país em outros mercados.

"A China é uma das economias mais fortes neste momento e está em uma posição de investir", disse à Efe o diretor do CEC, Fernando Casado, para quem a solução para resolver o problema do desemprego, um dos mais graves na Espanha, passa por mais investimentos e gerar um ambiente de confiança.

Casado lembrou que a Espanha tem capacidade para penetrar na Europa e na América Latina e que apesar da crise o país apresenta setores "competitivos e com garantia de rentabilidade", entre os quais citou o de automação, biotecnologia e tecnologia da informação, "que inclusive em crise criaram 335.000 empregos".

Entre os presentes na apresentação do relatório em Pequim, alguns investidores sublinharam a confiança de que a economia espanhola está melhorando: "é bom saber que na Espanha pode existir um crescimento de 0,3% no último trimestre de 2013", disse à Efe o analista He Zhenwei, da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento do Ministério de Economia chinês.

Outros, por outro lado, opinaram que a Espanha ainda tem que dar maior segurança aos investidores do país asiático: "a Espanha tem que ter certeza em que momento está sua crise, se já chegou ao fundo do poço ou não", afirmou Vicente Luo, do departamento de investimento da China International Corporation. EFE

abc/dk

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