Por Sheila Dang e Greg Roumeliotis
NOVA YORK (Reuters) - Elon Musk assumiu a propriedade do Twitter (NYSE:TWTR) (BVMF:TWTR34) com demissões de altos executivos, mas forneceu pouca clareza sobre como alcançará as ambições que delineou para a rede social.
"O pássaro foi libertado", tuitou ele, depois de concluir a aquisição de 44 bilhões de dólares na quinta-feira, em uma referência ao logotipo do Twitter, um pássaro, e em um aparente aceno ao seu desejo de reduzir os limites de conteúdo do que pode ser postado pelos usuários.
Musk, que também é presidente-executivo da fabricante de carros elétricos Tesla (NASDAQ:TSLA) (BVMF:TSLA34) e autodeclarado absolutista da liberdade de expressão, no entanto, disse que quer impedir que a plataforma se torne uma câmara de eco para ódio e segregação.
Outros objetivos incluem "derrotar" as contas automatizadas e tornar públicos os algoritmos que determinam como o conteúdo é apresentado aos usuários.
Porém, Musk não deu detalhes sobre como irá colocar em prática essas pretensões e quem vai administrar a empresa. Ele disse que planeja cortar empregos -- o Twitter tem cerca de 7.500 funcionários-- e que não comprou a companhia para ganhar mais dinheiro, mas "para tentar ajudar a humanidade, a quem eu amo".
Musk demitiu o presidente-executivo do Twitter, Parag Agrawal, o diretor financeiro, Ned Segal, e o chefe de assuntos jurídicos e de políticas, Vijaya Gadde, segundo fontes. Musk os acusou os executivos de enganar ele e os investidores sobre o número de contas falsas na plataforma.
Agrawal e Segal estavam na sede do Twitter em São Francisco quando o negócio foi fechado e foram escoltados para fora, acrescentaram as fontes.
Musk, que ainda dirige a empresa de foguetes SpaceX, planeja se tornar o presidente-executivo interino do Twitter, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. Ele também quer acabar com as proibições permanentes de usuários, disse a Bloomberg, citando uma fonte.
Twitter, Musk e os executivos não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
"CHIEF TWIT"
Antes de fechar o negócio, Musk entrou na sede do Twitter na quarta-feira com um grande sorriso e uma pia de porcelana, conforme foto publicada na rede social, na qual escreveu "deixe escorrer". Ele mudou a descrição de seu perfil no Twitter para "Chief Twit (chefe do Twitter)".
Musk tentou acalmar os temores dos funcionários do Twitter de que grandes demissões estão por vir e disse aos anunciantes que suas críticas anteriores às regras de moderação de conteúdo do Twitter não vão prejudicar o apelo da rede social.
"O Twitter obviamente não pode se tornar um inferno livre para todos, onde qualquer coisa pode ser dita sem consequências!" disse o bilionário em uma carta aberta aos anunciantes na quinta-feira.
Reguladores europeus também reiteraram alertas anteriores de que, sob a liderança de Musk, o Twitter ainda deve cumprir a Lei de Serviços Digitais da região, que impõe pesadas multas às empresas se elas não controlarem conteúdo ilegal.
"Na Europa, o pássaro voará de acordo com as regras da União Europeia", tuitou Thierry Breton, comissário da indústria do bloco, na manhã desta sexta-feira.
Musk indicou que vê o Twitter como uma base para a criação de um "super aplicativo" que oferece tudo, desde transferências de dinheiro a compras e caronas.
Musk enfrentará um desafio para aumentar a receita "dado que as opiniões controversas de que ele parece querer dar mais liberdade são muitas vezes intragáveis para os anunciantes", disse Susannah Streeter, analista da Hargreaves (LON:HRGV) Lansdown.
As ações do Twitter encerraram as negociações na quinta-feira com alta de 0,3%, a 53,86 dólares, pouco abaixo do preço acordado na transação. Os papéis foram retiradas da Bolsa de Valores de Nova York nesta sexta-feira.
(Reportagem adicional de Mathieu Rosemain, Foo Yun Chee, Tanvi Mehta, Miyoung Kim, Supantha Mukherjee e Anirban Sen)