Investing.com - A Natura & Co anunciou, no início do mês, a emissão de 121,4 milhões de novas ações, o que, considerando o preço dos papéis em 30 de setembro, levantaria cerca de R$ 6,2 bilhões por meio da oferta de ADRs e ações no Brasil. Com os recursos, a empresa irá quitar uma dívida de US$ 900 milhões da Avon. Assim, em relatório da última quarta-feira (7), o Moody’s defende que a operação será positiva em termos de crédito tanto para a Natura quanto para a sua subsidiária.
Às 15h23, as ações NTCO3 eram negociadas a R$ 47,53, em alta de 0,5%. As ADRs (NTCO), por sua vez, subiam 2%, a US$ 17,01.
Por meio da transação, o Moody’s aponta que a alavancagem da Avon seria reduzida para 6,2x, ante 12x, enquanto a da Natura iria para 4,4x, de 6,15x. Além disso, o calendário de amortização da dívida do grupo seria beneficiado pela eliminação de um vencimento de US$ 900 milhões em 2022. Além do pagamento da dívida, os recursos podem elevar a posição de caixa do grupo para R$ 8,5 bilhões, de R$ 7,4 bilhões registrados em junho.
O banco vê com bons olhos a operação, visto que a Natura sofreu uma grande alta em sua alavancagem com a aquisição da Avon, que tem performance operacional mais fraca do que o restante das marcas do grupo (Natura, The Body Shop e Aesop), que registraram aumento nas receitas no primeiro semestre de 2020, apesar da pandemia. Os custos da aquisição e a pandemia também prejudicaram, causando uma queda de 34% no Ebitda do grupo no primeiro semestre.
O pagamento das notas também irá reduzir a exposição do grupo à dívida denominada em dólar, que hoje corresponde a cerca de 50% do total. Tudo isso irá reduzir os riscos de execução e liquidez da Avon.
Vale mencionar, ainda, que a Natura se mostra comprometida em apoiar a Avon com liquidez caso necessário, elevando o perfil de crédito da subsidiária.
Em junho, a Natura concluiu um aumento de capital privado de R$ 2 bilhões, também como parte de sua estratégia de desalavancar sua estrutura de capital e acelerar seu crescimento, com expansão geográfica e investimentos em plataformas digitais, e a integração com a Avon.
No segundo trimestre de 2020, a Avon correspondeu a 47% da receita consolidada da Natura, percentual que tende a crescer com a coleta de sinergias de produto e custo, que são estimadas em cerca de US$ 300 a US$ 400 milhões até 2024.