Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil, maior produtor global de café, foi escolhido pela Nestlé como o mercado para o lançamento global da Nescafé Dolce Gusto NEO, máquina com tecnologia inovadora que poderá ser conectada ao celular e que utilizará cápsulas feitas com papel, compostáveis, em iniciativa que busca oferecer não apenas a bebida "perfeita" mas também sustentável.
Segundo maior consumidor global da bebida, atrás dos Estados Unidos, o país que também tem ampliado a produção e o consumo de cafés de maior qualidade e valor agregado vai estrear a novidade da empresa, que promete uma experiência personalizada a partir de aplicativo no smartphone ao gosto do consumidor.
A fábrica da Nestlé em Montes Claros (MG), a primeira unidade da companhia no mundo a receber certificação de Impacto Ambiental Neutro em todas as etapas industriais, também ajudou a viabilizar o lançamento no país, pela pegada sustentável projetada no empreendimento, que exigiu investimentos de 300 milhões de reais, parte deles na nova linha de produção das cápsulas de NEO.
"É a historia perfeita, eu diria", resumiu Marcelo Melchior, CEO da Nestlé Brasil, em entrevista à Reuters, ao antecipar o lançamento.
Segundo o executivo, a máquina inteligente e o sistema de cápsulas que se decompõem como cascas de frutas marcam mais um passo no caminho da "sofisticação" do consumo de café, não apenas em termos da bebida propriamente dita.
Ainda que o NEO tenha dez opções de café --seis da linha regular, dois orgânicos e dois da marca Starbucks--, o sistema projetado pelo Centro de Tecnologia da Nestlé na Suíça promete precisão na extração da bebida, além de vários métodos de preparo: ristretto, espresso, lungo, caseiro e americano.
"O trem da sofisticação já saiu... Estamos trabalhando no valor agregado, na experiência do consumidor...", completou Melchior, lembrando que a companhia oferece um café com selos de cultivo e processamento 100% sustentáveis, da lavoura à xícara.
Com a decomposição natural das cápsulas de NEO no meio ambiente, não será mais necessária reciclagem das cápsulas, como acontece com as de Dolce Gusto da primeira geração, de plástico, visando uma prática sustentável.
"Faz muito sentido que o Brasil seja o primeiro a ter o produto, é a primeira vez que lançamos um produto da Nestlé globalmente, fora da Europa", ressaltou Rachel Muller, diretora executiva de Negócios Cafés e Bebidas da Nestlé Brasil, destacando o mercado consumidor brasileiro e a fábrica de Montes Claros, com capacidade de fabricar 240 milhões de cápsulas/ano, localizada no maior Estado produtor de café do país.
A executiva da Nestlé não divulgou projeção de vendas do novo produto, mas disse que Montes Claros será também um "hub" de exportação das cápsulas de NEO para América Latina. Posteriormente, a companhia poderá expandir vendas para a Europa, mas a produção não necessariamente virá do Brasil.
As máquinas NEO, que serão importadas da China, estarão à venda no Brasil a partir de 1º de dezembro, assim com as cápsulas, projetadas para preservar os atributos de qualidade do café graças à sua tecnologia ultrassônica que promove vedação hermética.
Além disso, com a chamada tecnologia SmartBrew, a máquina é capaz de identificar qual cápsula foi inserida em seu compartimento e ajustar parâmetros diferentes para extrair o café da melhor forma, incluindo quantidade e temperatura da água e tempo de processamento.
Caso o consumidor prefira incrementar sua experiência, personalizando a receita do café, pode ajustar os parâmetros de extração pelo App, que se conecta diretamente à máquina por Bluetooth e Wi-Fi.
Com desligamento automático, para garantir consumo eficiente de energia, o preço sugerido da máquina será de 899 reais, valor que está no mesmo nível dos equipamentos de maior qualidade no mercado, ainda que a tecnologia de NEO não tenha paralelo na indústria, segundo os executivos.
A Nestlé disse que consumidores interessados em NEO poderão se cadastrar em uma lista de espera de compras, pela internet, enquanto o produto não chega ao mercado em dezembro.