Investing.com - A decisão do Banco Central de manter os juros inalterados em 6,5% era esperado por todos os analistas. Com isso, a expectativa estava justamente no comunicado divulgado ao final da reunião. Para o Itaú Unibanco (SA:ITUB4), o documento divulgado trouxe importantes mudanças com menor pressão inflacionária. Agora, a aposta é a manutenção da Selic no próximo ano.
O maior banco privado brasileiro chama atenção para o fato do conjunto de projeções da autoridade monetária no cenário de referência, com taxa Selic constante em 6,5% e taxa de câmbio em R$/US$ 3,85, é plenamente consistente com a trajetória de metas da inflação em horizontes mais longos: 3,7% para 2018 (diante de meta de 4,5%), 4,0% para 2019 (meta de 4,25%) e 4,0% para 2020 (meta de 4,0%).
Outro ponto que merece destaque no relatório, na visão do Itaú, é o aumento do risco de uma trajetória de inflação abaixo do esperado devido à elevada capacidade ociosa, enquanto o risco de frustração com a continuação de reformas e ajustes se tornou menos relevante.
Dessa forma, os analistas entendem que as mudanças nas projeções e na avaliação de riscos parece ter sido significativa o suficiente para levar o Copom a retirar a menção de remoção gradual do estímulo em caso de deterioração das perspectivas de inflação e do balanço de riscos.
Para o banco, afirmação é consistente com a visão de juros estáveis por um período prolongado no Brasil e manutenção da Selic em 6,5% ao ano ao longo de 2019. No entanto, eles lembram que mais detalhes sobre o racional do Copom será possível com a divulgação da ata da reunião, na terça-feira, 18 de dezembro.
BTG
A análise do Itaú BBA segue em linha do BTG Pactual (SA:BPAC11), que destaca uma avaliação mais 'dovish' da autoridade monetária sobre o risco de a atividade econômica contaminar o quadro inflacionário. Apesar de a decisão seguir as expectativas do mercado, a surpresa ficou com o comunicado após o anúncio da decisão, com a sinalização de continuação da política monetária estimulativa e sem referências de sua retirada gradual, como nos comunicados anteriores, caso houvesse deterioração das perspectivas de inflação.
O BTG ressalta a avaliação do Copom sobre o cenário internacional desafiador às economias emergentes e ajustes na expectativas inflacionárias - abaixo da meta de inflação de 2018 e 2019 e no centro da meta em 2020 -, que pressionam para manutenção baixista e estável dos níveis de preço. Entretanto, o Copom, segundo o BTG, menciona o "arrefecimento" da frustração da falta de avanço na realização das reformas em aumentar o risco de elevação dos preços, embora não descarte o retorno desta preocupação influenciando as expectativas da inflação futura.