Por Andreas Rinke e Sarah Marsh
BERLIM (Reuters) - O líder social-democrata Olaf Scholz disse nesta quarta-feira que firmou um acordo de coalizão para formar um novo governo na Alemanha que tentará modernizar a maior economia da Europa e encerrar a era Angela Merkel.
O Partido Social-Democrata (SPD), de Scholz, o Partido Verde e o Partido Liberal Democrata (FDP) querem acelerar a transição para uma economia verde e a digitalização mantendo a disciplina fiscal, de acordo com um acordo de 177 páginas.
A aliança, batizada de coalizão semáforo por causa das respectivas cores dos três partidos, tem maioria na câmara baixa do Parlamento e espera que o governo seja empossado no início do próximo mês, depois que os partidos tiverem ratificado o pacto de coalizão.
A primeira aliança em nível federal das siglas ideologicamente díspares encerrará 16 anos de governo conservador liderado por Merkel, inaugurando uma nova era para as relações do país com a Europa e o resto do mundo.
Em uma coletiva de imprensa em Berlim flanqueado pelos líderes do FDP e dos Verdes, Scholz lembrou que, quando o primeiro semáforo foi instalado na Praça Potsdamer da cidade em 1924, muitos questionaram se ele funcionaria.
"Hoje, o semáforo é indispensável quando se trata de regular as coisas claramente, proporcionar a orientação certa e fazer com que todos sigam adiante segura e tranquilamente", disse.
"Minha ambição como chanceler é que esta aliança semáforo desempenhe um papel semelhantemente pioneiro para a Alemanha".
Merkel deixa um espaço difícil de ocupar. Ela conduziu a Alemanha e a Europa através de diversas crises e foi uma defensora da democracia liberal diante do autoritarismo crescente em todo o mundo.
Seus críticos dizem que ela administrou problemas, ao invés de solucioná-los, e que seu sucessor herdará decisões difíceis em várias frentes.
O governo iminente de Scholz enfrentará desafios imediatos, já que a Europa lida com as consequências do Brexit, uma crise na fronteira da União Europeia com Belarus e casos de Covid-19 em disparada.
Embora a campanha eleitoral alemã tenha se concentrado sobretudo em temas nacionais, o pacto de coalizão lançou luz sobre as prioridades de política externa do próximo governo.
Os partidos concordaram em fortalecer a união econômica e monetária da UE e sinalizaram uma abertura a uma reforma das regras fiscais do bloco, também conhecidas como Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Eles também concordaram em manter seu país no acordo de compartilhamento nuclear da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma medida que evitará uma divisão na aliança militar ocidental em um momento de tensões crescentes com a Rússia.
(Por Holger Hansen, Markus Wacket, Thomas Escritt, Sabine Siebold, Markus Wacket e Christian Kraemer)