Petrobras mira vendas diretas de diesel para o agro e empresas como Vale e J&F

Publicado 08.08.2025, 14:24
Atualizado 08.08.2025, 16:55
© Reuters. Colheita de soja no Mato Grosso

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) tem buscado oportunidades de venda direta de combustíveis para grandes consumidores do agronegócio, assim como para companhias como Vale (BVMF:VALE3) e J&F, afirmou nesta sexta-feira o diretor-executivo de Logística, Comercialização e Mercados da companhia, Claudio Schlosser.

O objetivo, segundo o executivo, é acessar uma maior parcela do mercado e se aproximar dos clientes finais, da forma mais rentável e proveitosa.

Executivos da companhia em declarações recentes se queixaram da empresa ter perdido o contato direto com consumidores na ponta, depois que a Petrobras vendeu completamente a BR Distribuidora, durante o governo de Jair Bolsonaro.

A BR recebeu o nome de Vibra Energia (BVMF:VBBR3), mas permanece com o direito de usar a marca Petrobras em seus postos até 2029.

"Nós estamos atentos, buscando levar (nossos produtos) no local onde tem o consumo... Com isso, nós avançamos efetivamente lá para o Centro-Oeste, onde tem o aumento mais significativo do mercado brasileiro", afirmou Schlosser, durante coletiva de imprensa sobre os resultados do segundo trimestre.

"A gente tem buscado a parceria com a Vale, a gente tem buscado com a J&F, tudo isso na verdade exige que a gente avance na cadeia e que possa criar estruturas de distribuição que sejam eficientes do ponto de vista logístico para atender a todas essas frentes."

A J&F é um holding da família Batista proprietária de empresas como a JBS (BVMF:JBSS3) e a Eldorado, além da Âmbar Energia, entre outras.

Os comentários foram feitos após pergunta sobre uma diretriz do conselho de administração da Petrobras, tomada na véspera, relacionada a distribuição de produtos, se o movimento significaria que a empresa pode voltar para o segmento de combustíveis líquidos. No fato relevante, a Petrobras deixa claro que aprovou a inclusão da distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha, no plano estratégico da empresa.

GRANDES CONSUMIDORES E SINERGIAS

Schlosser explicou que as vendas diretas para grandes consumidores não teriam empecilhos regulatórios e que transações com o agronegócio podem trazer sinergias, uma vez que o campo tem matérias-primas que interessam à Petrobras, como o óleo vegetal utilizado em seu diesel coprocessado.

"Hoje, nós temos, por regulação, a oportunidade de oferecer para grandes consumidores. A gente não pode oferecer para pequenos consumidores. E essa definição é uma definição da ANP", esclareceu ele.

Dentre os critérios, Schlosser afirmou que pare se enquadrarem como grandes consumidores, os clientes em potencial precisam ter um registro na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e uma capacidade de estocagem de pelo menos 15 metros cúbicos.

"Se a gente olhar para o agro, a gente está olhando de uma forma bem ampla. Todos esses que se enquadram nesse critério de grandes consumidores estão no alvo da Petrobras", afirmou o executivo, pontuando que o número de clientes que a empresa tem vislumbrado é bastante grande e diverso.

"A gente tem grandes empresas do agro, a gente tem fazendas assim bastante pujantes, com estruturas que a gente tem identificado muito interessantes e que têm essa capacidade de armazenagem", adicionou.

Segundo ele, esse modelo de vendas diretas está em linha com a ideia de agregação de valor, de "monetizar" petróleo nacional e ampliar mercado.

"Isso está completamente associado a você ter preço competitivo, o que a estratégia comercial confere para nós, mas eu também tenho que ter o acesso ao mercado", completou ele.

Nessa linha, Schlosser enfatizou oportunidades a partir das sinergias.

"Não é simplesmente a venda do óleo diesel, por exemplo... para o agro. Nós temos interesse nas matérias-primas que o agro também desenvolve. Eu tenho uma sinergia, talvez, de buscar uma matéria-prima com um frete retorno, que começa a criar um modelo de negócio que agrega muito valor, seja para o cliente, seja para a própria Petrobras", afirmou.

(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier)

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