SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras informou nesta terça-feira ter iniciado atividades na Unidade de Coqueamento Retardado da Refinaria do Nordeste (Rnest), ampliando a operação para todos os equipamentos do controverso empreendimento de refino da estatal em Pernambuco, envolto em um escândalo de fraudes de licitação investigado pela operação Lava Jato.
A Rnest, também conhecida como Abreu e Lima, custou 4,2 bilhões de dólares a mais do que deveria, concluiu no final do ano passado a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que apurou denúncias de corrupção na estatal.
A Petrobras afirma que o custo total da Rnest foi de 18,5 bilhões de dólares, um montante muito acima do orçamento inicial.
As unidades da Rnest que entraram em operação gradativamente nos últimos meses, desde o final do ano passado, integram o primeiro trem de refino da refinaria, com capacidade de processamento de petróleo de 115 mil barris por dia.
"Com a ativação da unidade, todos os equipamentos de produção da primeira fase da Refinaria Abreu e Lima encontram-se em operação, produzindo os diversos derivados na qualidade requerida pelo mercado", afirmou a empresa em nota.
Além da produção de coque (importante insumo utilizado pelas indústrias siderúrgica, metalúrgica e cimenteira como combustível), são processados na unidade --que começou a operar na sexta-feira-- outros derivados mais leves de petróleo.
Até o momento, a Petrobras obteve da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorização para processar 74 mil barris de petróleo por dia na refinaria.
Questionada se está utilizando toda a capacidade autorizada, a Petrobras disse apenas que a produção "é planejada de forma integrada, visando ao atendimento do mercado nacional de derivados, seguindo critérios de utilização otimizada dos ativos".
De qualquer forma, a operação na Rnest deverá dar alguma folga à Petrobras, que importa derivados para complementar sua produção e atender ao mercado interno.
A unidade de coque é responsável por receber a parte mais "pesada" do petróleo e processá-lo para transformá-lo em produtos mais leves.
Além de coque, a nova unidade produzirá gás combustível, gás liquefeito de petróleo (GLP), nafta, diesel e gasóleo pesado.
A diretoria anterior da Petrobras afirmou no início de janeiro que não havia previsão para a entrada em operação do segundo trem da refinaria, por conta de atrasos nas obras em função das investigações de corrupção.
A expectativa era de que a operação do segundo trem, projetado para ter a mesma capacidade do primeiro, começasse neste ano.
(Por Roberto Samora)