Por Marta Nogueira e Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) obteve do governo do Pará licenças ambientais necessárias para seguir com um grande simulado de vazamento na Bacia da Foz do Rio Amazonas, visto pela estatal como último passo necessário para que o Ibama libere o tão aguardado poço em águas profundas do Amapá.
O simulado, inicialmente previsto para ser iniciado na segunda quinzena de dezembro, estava travado pois a petroleira dependia antes das licenças do Pará para um pequeno hospital para aves oleadas em Belém, chamado de Centro de Reabilitação e Despetrolização de Fauna (CRD).
A licença de instalação já havia sido concedida e agora a secretaria confirmou a licença de operação, a última necessária.
"A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) informa que emitiu, no último dia 10, a Licença de Operação do Centro de Recuperação e Despetrolização da Fauna (CRD)", afirmou em nota à Reuters.
"A Semas esclarece que o licenciamento de atividades de pesquisa, perfuração e/ou exploração da Petrobrás na margem Equatorial (BVMF:EQTL3) é de competência do Ibama", acrescentou.
Procurada, a Petrobras não respondeu imediatamente a pedidos de comentários, nem informou quando o simulado será realizado.
A petroleira estatal, que vem arcando com um custo diário milionário de mobilização de pessoal e equipamentos para o simulado na região amazônica desde o ano passado, está trabalhando já há algum tempo em busca de abrir a bacia como uma nova fronteira exploratória de petróleo, em região próxima à Guiana, onde a Exxon Mobil (NYSE:XOM) fez descobertas importantes.
A Petrobras iniciou o processo depois que gigantes como BP e TotalEnergies desistiram de ativos vencidos em leilão em 2013 por dificuldades para obter licenciamentos.
A Foz do Amazonas está inserida em ampla região do litoral brasileiro conhecida como Margem Equatorial, que vai desde o Rio Grande do Norte até o Amapá, onde o atual plano de negócios da Petrobras prevê investimentos de 2,94 bilhões de dólares até 2027, enquanto busca meios de repor reservas e evitar o declínio de produção futura.
O plano de negócios da Petrobras deverá ser revisto pela gestão do novo presidente, Jean Paul Prates, que tomou posse no mês passado. Mas o executivo já afirmou em vídeo publicado a funcionários ver a Margem Equatorial como promissora, com "forte potencial" tanto para petróleo e gás como para energias renováveis.
Ainda não se sabe, porém, como se manifestará o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.