RIO DE JANEIRO (Reuters) - Acordo fechado entre Petrobras (SA:PETR4) e chinesas no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, poderá contribuir para que a petroleira atinja meta de endividamento antecipadamente e possa elevar dividendos ainda neste ano, disseram analistas do Credit Suisse (SIX:CSGN), em relatório.
Na sexta-feira, a estatal anunciou que receberá de suas sócias em Búzios 2,94 bilhões de dólares referentes à compensação total dos investimentos feitos pela brasileira no ativo, como resultado de acordo de coparticipação.
A Petrobras vem afirmando que Búzios é o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo. No fato relevante, a empresa apontou mais de 11 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) recuperáveis no ativo.
"Vemos o anúncio como positivo para as ações, já que o caixa de curto prazo ajuda a Petrobras a atingir a meta de dívida bruta de 60 bilhões de dólares e ative a nova política de dividendos antes do fim de 2021", disseram em relatório os analistas Regis Cardoso e Marcelo Gumiero, do Credit Suisse.
Atualmente, a Petrobras tem como meta atingir dívida bruta de 67 bilhões de dólares neste ano e 60 bilhões de dólares em 2022, o que permitiria ativar sua política de dividendos com pagamentos adicionais. No fim do primeiro trimestre, o indicador estava em 71 bilhões de dólares.
"Esta política de dividendos, em nossa opinião, pode se tornar um importante catalisador positivo para o caso de investimento da Petrobras."
Os analistas do Credit Suisse destacaram ainda que o valor a receber das sócias chinesas ficou acima do estimado pelo banco anteriormente, de 2,5 bilhões de dólares. Para eles, a empresa provavelmente atingirá sua meta de endividamento no terceiro trimestre deste ano.
O Credit Suisse ressaltou que a Petrobras tinha um caixa de 12,5 bilhões de dólares no fim do primeiro trimestre, podendo ainda se desfazer de parte dele para reduzir a dívida.
Outro fator importante para redução da dívida, segundo o banco, é que a Petrobras também anunciou na sexta-feira que enviou carta à BR Distribuidora (SA:BRDT3) pedindo cooperação para a implementação de uma oferta secundária visando a venda de sua participação restante na companhia, de 37,5%.
A venda dos papeis da distribuidora - que ainda não tem data para acontecer - poderia representar 2,3 bilhões de caixa potencialmente ainda em 2021, segundo Credit Suisse.
Em um relatório separado, os analistas Bruno Amorim e Joao Frizo, do Goldman Sachs (NYSE:GS), também apontaram o acordo em Búzios como positivo, destacando que ele poderia contribuir para alguma redução adicional na dívida bruta da Petrobras.
O acordo tornou-se necessário após a Petrobras, em consórcio com as parceiras CNODC e CNOOC, arrematarem em um leilão em 2019 os excedentes de óleo do contrato da cessão onerosa de Búzios, sob regime de partilha. A petroleira venceu 90% dos volumes, enquanto as chinesas levaram 5% cada.
Os analistas do Credit Suisse pontuaram que esperavam que os volumes excedentes alcançassem cerca de dois terços da reserva total da jazida de Búzios, em oposição aos 73,8% anunciados na sexta-feira. O efeito prático, segundo eles, será royalties e lucro em óleo mais elevados.
(Por Marta Nogueira)