Petrobras quer ter mais voz na Braskem em acordo com sócio atual ou futuro, dizem fontes

Publicado 26.05.2025, 15:07
Atualizado 26.05.2025, 15:10
© Reuters. Unidade da Braskem em Maceión30/01/2020nREUTERS/Amanda Perobelli

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) quer uma revisão no acordo de acionistas na Braskem (BVMF:BRKM5) para melhorar sua representatividade e ser mais ouvida nas decisões da empresa controlada pela Novonor com 50,1% do capital votante, disseram três fontes próximas da estatal a par do assunto.

A petroleira detém quase metade do capital votante na petroquímica, mas indica um número de diretores e conselheiros de administração considerado insuficiente, segundo essas pessoas, que pediram para ficar no anonimato ao comentarem o assunto.

A movimentação vem em meio a uma proposta não vinculante recebida pela Novonor do fundo detido pelo empresário Nelson Tanure para aquisição do controle da Braskem, maior petroquímica da América Latina.

O interesse da petroleira, que é sócia na Braskem com 47% do capital votante, visa ter "voz" mais ativa na gestão e na parte operacional da petroquímica, independentemente do sócio controlador, disseram as fontes.

"A Petrobras entende como normal negociar um acordo de acionista. Dos sete diretores lá, um é indicado pela empresa, mesmo com a Petrobras com quase 50% da empresa, e quem mais entende de questões operacionais e gestão é a Petrobras", afirmou uma das fontes.

Essa pessoa citou que o movimento tem paralelo com o que aconteceu na Eletrobras (BVMF:ELET3), onde o governo aumentou recentemente seu poder de influência, que havia sido reduzido com a privatização.

"O que vemos é que existe uma incompatibilidade entre o poder político e o poder na gestão. A representação não é compatível. A Petrobras tem quatro cadeiras em 11 no conselho e apenas uma diretoria."

Questionada nesta segunda-feira sobre como avaliava a proposta do fundo de Tanure pela fatia da Novonor na Braskem, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que ela vem na direção correta.

"A Braskem tem uma situação societária que a gente precisa resolver, e a proposta do Tanure vem na direção dessa solução e também a movimentação de bancos no passado", afirmou a jornalistas, Chambriard, durante evento no BNDES, nesta segunda-feira.

A Novonor, anteriormente conhecida como Odebrecht, vem tentando vender sua fatia na Braskem há anos, mas fracassou repetidamente em fechar um acordo, apesar de negociações com Adnoc, de Abu Dhabi; LyondellBasell, Unipar (BVMF:UNIP3) Carbocloro e J&F.

Uma negociação da fatia da Novonor na Braskem também interessa a bancos credores.

A Novonor tem sido pressionada a vender sua participação na petroquímica porque no auge da operação "Lava Jato" colocou suas ações da Braskem como garantia de R$15 bilhões em dívidas bancárias, incluindo dinheiro devido ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Hoje, as ações oferecidas em garantia valem menos de um terço do valor da dívida.

"Espero que qualquer seja a solução que dê certo, terá apoio da Petrobras e vamos sim restaurar a petroquímica no Brasil e colocar no patamar que ela merece", afirmou Chambriard.

A executiva destacou que a Braskem é hoje a sexta maior petroquímica do mundo, "e por óbvio é um ativo muito importante para Petrobras, quando a gente fala em descarbonização e combustível fóssil".

"Não podemos largar de mão de jeito nenhum a petroquímica", acrescentou.

De acordo com as fontes, se a petroleira tiver mais representantes em posições decisórias da petroquímica e estiver mais diretamente no "dia a dia" da gestão da companhia, a petroquímica pode alcançar melhores resultados.

"Somente com novo acordo de acionistas a Petrobras terá mais força na parte operacional, para melhorar a perfomance da companhia", disse uma das fontes.

Segundo as fontes, a Braskem é um ativo estratégico para o país e os produtos petroquímicos são essenciais para o processo de transição energética.

No passado recente, na gestão do ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates a estatal chegou a estudar aumentar sua participação da petroquímica, mas esse foi mais um movimento frustrado em torno da Braskem.

A gestão atual da Petrobras não tem interesse em um aumento de participação na Braskem, segundo as fontes.

Questionada sobre aumento de participação na petroquímica, Chambriard afirmou que "por enquanto vamos aguardar".

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