BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério do Planejamento autorizou a nomeação de 300 aprovados em concurso público para o Banco Central, quantidade que excedeu as vagas originalmente previstas no processo de seleção, mas ainda bem abaixo dos 450 postos requeridos pelo BC em meio ao forte movimento de aposentadorias na autarquia.
Realizado em 2013, o concurso contemplava, em princípio, 500 vagas para analistas e técnicos, sendo que 300 já haviam sido efetivadas.
Em decreto publicado nesta segunda-feira no Diário Oficial, o Ministério do Planejamento autorizou 200 cargos para analista (nível superior), ante 150 ainda restantes do concurso, e 100 para técnico (nível médio) ao invés dos 50 iniciais, com provimento a partir de julho.
"A medida decorre da necessidade de recompor a força de trabalho do órgão", justificou o Planejamento em nota, em referência aos postos que têm salário inicial de 15.003,70 reais para analistas e de 5.692,36 reais para técnicos.
O BC, contudo, solicitava a nomeação de mais 450 servidores, sendo 300 analistas e 100 técnicos, correspondente ao restante das vagas inicialmente autorizadas mais 50 por cento de vagas excedentes. O governo já havia arcado com os custos do curso de formação desse contingente adicional.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, apontou em carta recente ao ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que o BC sofreu a perda efetiva de quase 1.000 titulares desde o início de 2009 até o fim de abril, somando 4.032 servidores ativos contra até 6.470 servidores que poderiam ter por determinação legal.
"Os efeitos deletérios da perda expressiva da força de trabalho que esta autarquia vem enfrentando... já começam a ser sentidos em algumas áreas, dado que envolve a saída especialmente de servidores experientes e qualificados, alguns exercendo cargos de relevância na instituição", disse Tombini à época.
Na carta, de 18 de maio, ele acrescentou que "isso tem elevado sobremaneira o risco de perda da capacidade desta autarquia de dar respostas tempestivas e de qualidade". Procurado nesta segunda-feira, o BC não se manifestou sobre o assunto.
O BC vem enfrentando desafios na área de fiscalização em meio à saída de servidores experientes, com situações de conflito de interesse ameaçando comprometer o trabalho dos que seguem na instituição, relataram fontes ouvidas pela Reuters.
(Por Marcela Ayres)