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Plano econômico de Temer provoca reação mista

Publicado 24.05.2016, 19:19
© Reuters.  Plano econômico de Temer provoca reação mista
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Medidas econômicas do governo Temer tem reação mista de analistas e políticos (José Cruz/Agência Brasil)

SÃO PAULO – Às vésperas de completar duas semanas do seu governo, o presidente em exercício Michel Temer (PMDB) apresentou seu primeiro plano econômico para tentar estabelecer a retomada da economia brasileira. As medidas tiveram repercussão mista e dividiram analistas do mercado financeiro e políticos do Congresso.

Após a formação de uma equipe econômica consistente, Temer anunciou nesta terça-feira (24) as medidas para conter o endividamento do governo e controlar o déficit público.

Entre as medidas, o governo quer adiantar a devolução, pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), dos empréstimos feitos ao Tesouro; fixar um teto para os gastos públicos; e promover o saque de recursos do Fundo Soberano.

Os analistas do mercado financeiro consultados por O Financista reclamaram do excesso de cautela do novo governo em um momento em que era necessário apostar as fichas para recuperar a credibilidade do país.

De acordo com João Pedro Brugger, analista Leme Investimentos, as medidas econômicas anunciadas foram “bem recebidas pelo mercado, ainda que não tenham sido tão agressivas quanto o esperado”.

No mesmo sentido, Aldo Moniz, analista da Um Investimentos, avalia que o governo peemedebista perdeu a oportunidade de encarar as novas medidas como a possibilidade de estabelecer uma “guinada da governabilidade”.

Para os analistas, a repentina saída de Romero Jucá (PMDB) do comando do Ministério do Planejamento nada tem a ver com a apresentação de medidas mais brandas.

“O primeiro plano habitualmente é mais cauteloso. É preciso emplacar as medidas no Congresso com urgência. Em 2017, quando o país estiver em melhores condições, acredito que serão apresentadas medidas de austeridade mais profundas”, explicou Moniz.

Pelas beiradas

Para Brugger, “ainda que as medidas não tenham sido tão contundentes quanto o esperado, podemos considerar isso uma estratégia inteligente para que o governo consiga emplacar as medidas necessárias para recuperar a economia no Congresso”. Ele acrescentou que o governo Temer talvez deixe para aplicar as medidas mais duras no próximo ano.

A decepção com as medidas também foi sentida pelos investidores domésticos no segundo pregão da semana, tanto é que o Ibovespa encerrou a sessão próximo da estabilidade.

A equipe econômica da Lerosa Investimentos destaca que “entre as medidas, não há nada de concreto no curto prazo e a perspectiva de melhora é apenas no médio e longo prazo”. O poder de reação muito fraco da economia no curto prazo ditou a aversão dos analistas ao pacote emergencial de Temer.

Outra medida destacada pelos analistas foi a decisão do governo de que os cerca de R$ 2 bilhões que estão aplicados no fundo soberano também poderão ser sacados e utilizados para abater a dívida. O fundo foi criado na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como destino dos recursos do pré-sal. "Vamos talvez extinguir esse fundo e trazer esses R$ 2 bilhões para cobrir o endividamento público", afirmou Temer.

Por deter uma quantidade razoável de papéis do Banco do Brasil (SA:BBAS3), o fundo viu as ações do banco público despencarem com a notícia de sua extinção.

Por outro lado, a notícia sobre o fim do Fundo Soberano foi bem recebida entre políticos da base aliada do governo peemedebista.

Da fantasia ao pé no chão

“O fundo soberano foi uma fantasia que o PT inventou. Temer faz muito bem em acabar com essas coisas que alimentavam essa coisa espetaculosa do PT em relação ao pré-sal”, explicou o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy.

O tucano elogiou “os pés no chão” e “o compromisso com a verdade”, algo que, segundo ele, não se via na administração anterior, da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).

“Não se pode esperar de um governo de duas semanas todas as soluções para uma crise dessa dimensão. As medidas foram calculadas por uma equipe econômica competente e cuidadosa”, disse Imbassahy.

Para seu correligionário, o senador Cássio Cunha Lima, líder do PSDB na Casa, as medidas têm que agradar ao país mais do que a este ou aquele partido. “Eu vejo com muito bons olhos a tentativa de cobrir o rombo do BNDES. Só esse caminho, se percorrido, já é muito importante. A PEC também é muito importante porque visa controlar os gastos que estão descontrolados”, pontuou.

O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SA:RSID3), também se rasgou em elogiou às medidas apresentadas por Temer e seu time econômico nesta manhã. Ele minimizou as críticas que indicam que as medidas são fracas e decepcionantes e disse que “elas surtirão resultados inesperadamente positivos na economia”.

“ O governo Temer está dando exemplo de austeridade e certamente colocará a casa em ordem”.

Outro parlamentar que elogiou as medidas do presidente interino foi Pauderney Avelino, líder do Democratas na Câmara. “São anúncios que visam recuperar a credibilidade do governo junto à sociedade. Além disso, buscam retomar a confiança de investidores, tanto internos como externos”, avaliou.

Como era de se esperar, o deputado José Guimarães (PT), líder da minoria na Casa, afirmou que a oposição não apoiará nenhum programa que estabeleça o corte de direitos dos cidadãos.

"São medidas pífias, que não expressam o que está acontecendo no Brasil. É um governo que não tem condição de governabilidade, porque foi produto de um golpe parlamentar que não encontra ressonância na sociedade brasileira”, criticou o petista. “Nós não podemos jogar a crise nos ombros dos trabalhadores. É o oposto dos que íamos fazer. O governo está derretendo”, completou.

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