Por Ana Beatriz Bartolo
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Investing.com - A Magalu é uma das principais varejistas do Brasil e, nos últimos anos, vem investindo cada vez mais na ampliação do seu ecossistema digital. Hoje, mais de cem mil lojistas usam o marketplace da companhia e, no ano passado, em 2020, a empresa surfou no crescimento do e-commerce e teve um lucro líquido de R$ 391 milhões. Mas, nos últimos tempos, a ação perdeu força por causa da inflação e da competição no setor. Em um ano, acumula o ativo acumula uma variação negativa de mais de 50% no preço.
Como a Magazine Luiza (SA:MGLU3) tem uma rede ampla de lojas, possui um sistema de logística muito forte e está investindo cada vez mais para integrar essa estrutura física ao e-commerce e aos serviços financeiros. Assim, os compradores têm mais opções de produtos, têm a possibilidade de ir retirar as compras nas lojas físicas ou, então, recebem uma garantia de entrega rápida nas suas casas. Já os vendedores usam toda a estrutura de logística da Magazine Luiza para ter frete mais vantajoso, além de um sistema de pagamento eficiente e seguro.
“Nós vemos que, para 2021, a expectativa do EV/GMV da Magalu está negociando a 1,7 vez esse indicador. Quando olhamos para AMER, está negociando a 0,5x, Mercado Livre (NASDAQ:MELI) (SA:MELI34) negocia a 2,5x, Via Varejo (SA:VIIA3) negocia a 0,4%. Isso mostra o prêmio que o mercado paga em cima da Magalu comparando com outras empresas, entendendo que esse ecossistema que a Magalu vem trazendo nos últimos anos traz um prêmio pago em cima dela”, diz Gianlucca Montuori, sócio e especialista de renda variável da Acqua Vero.
Os resultados do terceiro trimestre da Magalu são esperados para a próxima quinta-feira, dia 11, após o fechamento do mercado.
Bull case: a tese de alta
Para Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos, a Magalu acerta ao investir no desenvolvimento digital porque, mesmo que isso pressione as suas margens no curto prazo, a tendência é que a empresa cresça no futuro.
“O crescimento de vendas do Magazine Luiza em diferentes cenários vem se comprovando ao longo do tempo. Isso não veio sem custo. Houve uma deterioração de margens. Ou ela teve que investir mais em e-commerce ou teve que reestruturar custos, divulgar mais. Isso teve um custo na margem, mas o bolo é maior. Vende mais coisa, talvez com uma margem menor”, explica Cozzolino.
O analista explica que as quedas sofridas na ação refletem um cenário macroeconômico de curto prazo, mas não estão relacionadas aos fundamentos da empresa. “O varejo é penalizado pelo humor de mercado. Não significa necessariamente que a Magalu perdeu valor, ela perdeu preço. A gente tem que olhar para daqui cinco anos, parece pouco provável ela valer menos do que R$ 13, fechar as portas ou não colher os frutos de todos esses investimentos que vem fazendo”, comenta o especialista da Levante.
Bear case: a tese de baixa
Porém, é preciso destacar que, como a Magazine Luiza é uma empresa de varejo, ela é mais penalizada pela inflação e pela redução do poder de compra das famílias. O IPCA-15 de outubro apresentou uma alta de 1,20% e, nos últimos 12 meses, acumula 10,34%. Essa alta nos preços já tem um impacto nos juros, que na última reunião do Copom subiram para 7,5% ao ano.
Gianlucca diz que “a inflação aperta as margens das empresas, o comerciante, a Magalu não vai conseguir repassar o preço para o consumidor tudo o que vem crescido pela inflação e pelo dólar”.
Além disso, a entrada de e-commerces internacionais no mercado brasileiro, como a Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34) e a Shoppe, que possuem custos baixos e uma estratégia agressiva, também devem forçar a Magazine Luiza a reduzir suas margens para permanecer competitiva, explica Gianlucca.
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