A Polishop já fechou pelo menos 100 unidades em shopping centers nos últimos meses, num movimento de reestruturação do negócio, e virou alvo de processos e ações de despejo. Desde 2022, os centros de compras moveram 30 processos contra a rede por falta de pagamento de aluguéis, que totalizam algo em torno de R$ 9 milhões. As ações tramitam no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).
De acordo com informações divulgadas em janeiro deste ano, a Polishop tinha cerca de 3 mil funcionários e 280 lojas nos principais shoppings do País, além de quiosques. Hoje, são 122 unidades e 1,5 mil empregados. A varejista tem ainda centros de distribuição, fábrica em Manaus (AM) e seis canais próprios de TV.
Para Luiz Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, a Polishop integra um grande grupo de empresas que não conseguiram desenvolver a eficiência operacional e a digitalização necessárias para manter suas operações em crescimento, e que tiveram de reduzir significativamente sua presença em shopping centers. Marinho diz que o mix de lojas desses centros vem mudando, e hoje são ancorados por restaurantes, academias e consultórios médicos, entre outros.
"O varejista que não consegue operar de forma eficiente, seja por não modernizar o modelo de negócio ou por estar em um segmento de alta concorrência digital, vai se encalacrar com recursos escassos e precisará revisar os negócios para sobreviver. Vemos isso repetidamente, com Tok&Stok e Marisa", disse o especialista.
Necessidade
Em entrevista ao Estadão, João Appolinário, fundador e presidente da Polishop, minimiza os problemas enfrentados pela rede. Segundo ele, a reestruturação do negócio foi necessária para lidar com o momento atual do varejo e que irá retomar a expansão por meio de franquias em breve, um plano que ficou congelado durante a pandemia de covid-19.
Appolinário disse ainda que a dívida com os shopping centers seria baixa e não ameaçaria o negócio. A inadimplência, acrescentou, seria resultado de negociações duras, e não de falta de dinheiro. "Se eu soubesse que daria tanto problema, já tinha mandado pagar tudo", disse.
O empresário afirmou também que tem evitado ao máximo as demissões e que, quando isso acontece, tem quitado em dia as rescisões de funcionários. O executivo não divulga números, mas disse que precisou injetar capital na empresa em razão da escassez ou do encarecimento do crédito dos bancos para as varejistas. Com isso, a companhia optou por aumentar de 20% para 50% a quantidade de produtos de marcas próprias, e passou a fazer testes para o lançamento de franquias de lojas de rua nos próximos meses.
"Temos negociações com shopping centers. Tínhamos mais de 200 lojas e reduzimos esse número. As negociações nem sempre são fáceis com os shoppings maiores. Temos resolvido isso, mas temos discordado de algumas cobranças", afirmou o empresário, reconhecendo que o setor do varejo mudou bastante. "A vacância nos shoppings está grande." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.