Por Guillermo Parra-Bernal
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente-executivo da Oi (SA:OIBR4), Marco Schroeder, disse nesta terça-feira que planeja se reunir com grandes grupos de credores e potenciais interessados na companhia na próxima semana, numa tentativa de acelerar os esforços para ajudar a operadora a emergir da recuperação judicial.
Em entrevista à Reuters, Schroeder disse que os principais acionistas e diretores da Oi estão "mais abertos" a abrir mão de proposta de restrição de três anos a credores que trocarem parte de dívida por ações, que a Oi incluiu num plano de reorganização em setembro. A operadora poderia discutir os termos de uma troca direta da dívida por ações em reuniões da próxima semana, disse.
A Reuters informou em 2 de dezembro que a Oi estava pensando em abrir mão da restrição para a troca, o que desagradou os credores e retardou a reestruturação judicial da empresa.
"Estamos ouvindo as sugestões deles porque é através de negociações que vamos encontrar o melhor para a empresa, para os clientes, credores e acionistas", disse ele.
A recuperação judicial da Oi envolvendo 65,4 bilhões de reais em dívidas complicou em setembro com a proposta de reorganização, que credores alegaram favorecer, às suas custas, os acionistas.
O governo ameaçou intervir se a disputa persistir.
O plano de Schroeder para tirar a Oi da recuperação judicial ganhou impulso após uma comissão de Senado aprovar nesta terça-feira mudanças na regulamentação das operadoras de telefonia fixa. O projeto de lei será sancionado pelo presidente Michel Temer, a menos que haja um pedido para votação no plenário em cinco dias úteis.
"Isso basicamente vai ajudar o setor destravar investimentos e ajudar as operadoras a lucrar com parte de sua base de ativos fixos", disse Schroeder.
POTENCIAIS INTERESSADOS
As reuniões previstas para a próxima semana incluem um grupo de detentores de bônus assessorados pela G5 Evercore, e outro liderado pela Moelis & Co e vários escritórios de advocacia, disse Schroeder.
Segundo ele, encontros com o fundo norte-americano de dívida Cerberus Capital e a gestora de fundos de hedge Elliot Management também estão agendados para a próxima semana.
A Reuters também publicou na semana passada que um grupo de investidores liderados pela Cerberus está examinando dados da Oi para decidir se fará uma oferta durante as negociações de reorganização. Fontes nos últimos meses disseram que a Elliot apresentou uma proposta não vinculativa de 9,2 bilhões de reais pela Oi sob certas condições.
Schroeder se recusou a comentar sobre as propostas, mas disse que as fusões e aquisições no setor de telecomunicações do Brasil devem ganhar força dentro de um ano ou dois. Ele afirmou que é muito cedo para ver movimentos de consolidação.