Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de petróleo e gás da Petrobras (SA:PETR4) no Brasil caiu 3,5 por cento no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2018, para cerca de 2,4 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (boe/d), de acordo com dados publicados nesta sexta-feira pela reguladora ANP.
A extração da Petrobras recuou ante o ano passado nos três primeiros meses do ano, apresentando as maiores quedas em fevereiro (7,6 por cento) e março (1,9 por cento), segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em janeiro, a produção caiu 1 por cento na comparação anual, sendo afetada principalmente pelas paradas para manutenção nas plataformas P-74 e FPSO Cidade de São Paulo, respectivamente nos campos de Búzios e Sapinhoá, de acordo com a ANP.
Em fevereiro, os principais motivos foram a interdição da plataforma P-43, que opera nos campos de Barracuda e Caratinga, e a parada programada para manutenção da FPSO Capixaba, que opera nos campos de Jubarte e Cachalote. A ANP não detalhou as razões da queda em março.
O recuo trimestral na produção da Petrobras ocorreu apesar de a empresa ter iniciado a operação de três plataformas no pré-sal da Bacia de Santos no primeiro trimestre, uma em março (P-77, no campo de Búzios) e duas em fevereiro (P-76, em Búzios, e P-67, no campo de Lula).
A última vez que a empresa divulgou produção mensal foi em janeiro.
Procurada nesta sexta-feira, a estatal não comentou imediatamente as informações da ANP, se houve algum problema específico em março.
Em 2018, de acordo com dados da estatal, a produção da Petrobras caiu 5 por cento ante 2017, com desinvestimentos nos campos de Lapa, no pré-sal da Bacia de Santos, e de Roncador, importante produtor da Bacia de Campos, pesando sobre a extração.
A empresa projeta, contudo, produção de 2,8 milhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás) em 2019, o que seria uma alta de 6,5 por cento ante 2018, confiando nas novas plataformas --para 2019, ainda está prevista a entrada da P-68, no campo de Berbigão, também na Bacia de Santos.
A maior parte da produção da Petrobras está no Brasil. A extração de petróleo da estatal no exterior, por exemplo, foi de apenas cerca de 2 por cento em janeiro.
A Petrobras afirmou à Reuters, na véspera, que não mais divulgará mensalmente a sua produção de petróleo e gás.
Na nova gestão do presidente Roberto Castello Branco, a empresa afirmou que divulgará a produção como fazem outras companhias do setor, dando publicidade às informações junto com a divulgação de resultados financeiros e operacionais a cada trimestre.
A empresa divulgará seus resultados do primeiro trimestre no próximo dia 7.
PRODUÇÃO NO BRASIL
A produção de petróleo e gás natural de todas as companhias no Brasil em março somou 3,261 milhões de barris de óleo equivalente ao dia (boe/d), com ligeira alta de 0,96 por cento na comparação com o mesmo mês do ano passado, informou a ANP.
Já a produção da Petrobras no Brasil atingiu em março 2,426 milhões de boe/d, queda de 1,9 por cento na comparação anual.
A produção da Petrobras está caindo apesar de a extração no pré-sal, oriunda de 91 poços no país, ter aumentado 11 por cento em março na comparação anual, para 1,936 milhão de barris de óleo equivalente.
Ante fevereiro, a produção do pré-sal do Brasil subiu 6 por cento, com a produção de petróleo na região em março somando 1,542 milhão de barris e a de gás 62,7 milhões de metros cúbicos/dia.
Já a produção somente de petróleo do Brasil somou 2,56 milhões de barris ao dia (bpd) em março, alta de 2,8 por cento ante fevereiro e de 0,1 por cento na comparação anual.
A Petrobras, por sua vez, teve produção de petróleo de 1,884 milhão de bpd em março, ante 1,987 milhão de barris no mesmo mês do ano passado.
A produção da Petrobras está caindo enquanto a extração de empresas como a Shell, parceiras da estatal no pré-sal, registraram aumentos na extração.
No caso da Equinor, a produção subiu no país na comparação anual, após a empresa ter adquirido ativos da Petrobras.
(Por Roberto Samora; com reportagem adicional de Marta Nogueira e José Roberto Gomes)