Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar no centro-sul do Brasil desabou 45,9 por cento na primeira quinzena de agosto, para 1,7 milhão de toneladas, refletindo o mix mais alcooleiro na região e também uma moagem de cana menor, informou a associação industrial Unica nesta sexta-feira.
Em relatório, a União da Indústria de Cana-de-açúcar disse que o processamento de matéria-prima diminuiu 26,1 por cento na primeira metade deste mês, para 33,56 milhões de toneladas.
O volume ficou abaixo da expectativa de 36,89 milhões de toneladas, de acordo com pesquisa da S&P Global Platts.
A redução deveu-se a "intensas chuvas" no período, que impactaram o ritmo de colheita e acarretaram em uma perda média de quase cinco dias de moagem. Algumas áreas, contudo, tiveram interrupção de até nove dias, como todo o Estado do Paraná e as regiões paulistas de Assis, Piracicaba e São Carlos.
No acumulado da temporada, iniciada em abril, o processamento de cana no centro-sul, principal área produtora do país, atingiu 348,5 milhões de toneladas, alta de 1,4 por cento, com fabricação de 16,5 milhões de toneladas de açúcar, queda de 20,7 por cento.
Dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) com uma amostra de usinas e citados pela Unica indicam que houve uma retração de 11,1 por cento na produtividade agrícola do canavial colhido na primeira quinzena de agosto na comparação anual, para 72,80 toneladas por hectare.
"A quebra agrícola registrada nessa quinzena retrata o início da tendência de queda esperada para os próximos meses. A expectativa dos técnicos das empresas é de que o rendimento por hectare da lavoura colhida até o final da safra será bastante reduzido, podendo superar 20 por cento de quebra em algumas regiões", disse, em nota, o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
ETANOL
A produção de etanol na primeira quinzena de agosto alcançou 1,97 bilhão de litros, leve alta de 1,1 por cento, somando 18 bilhões de litros no acumulado da safra (+33 por cento).
O impulso ao biocombustível ainda reflete a melhor remuneração do produto frente o açúcar, que nesta semana atingiu mínimas em uma década na ICE.
As vendas totais de álcool na quinzena alcançaram 1,34 bilhão de litros, crescimento de 20,3 por cento em relação à mesma quinzena do ano anterior, sendo 53,49 milhões de litros destinados à exportação e 1,29 bilhão de litros ao mercado doméstico.
(Por José Roberto Gomes)