Por Marta Nogueira e Alexandra Alper
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A Vale (SA:VALE3), uma das líderes globais na produção de níquel, vê possibilidade de aumentar a produção do metal em 2020 em cerca de 30 por cento na comparação com os níveis projetados para este ano, indicou o diretor de Metais Básicos, Eduardo Bartolomeu, nesta quinta-feira.
Mas uma produção de 310 mil toneladas projetada para 2020 também dependerá das condições de mercado, acrescentou o executivo da Vale, que aposta nesta commodity para ampliar seus ganhos, no embalo de uma maior demanda para a produção de baterias para carros elétricos.
Enquanto isso, a companhia vem realizando uma reestruturação dos negócios de níquel e simplificando processos para reduzir custos, após cortar a projeção de produção neste ano para 240 mil toneladas, diante de paradas para manutenção nas unidades do Canadá em meio a preços baixos.
"A direção é 310. Ela vai ser alcançada, uma vez que os mercados evoluam...", disse Bartolomeu, que assumiu a diretoria após o início da gestão do presidente Fabio Schvartsman, no começo do ano passado, com a missão de trazer mais valor ao negócio.
Aquele volume de produção apontado, disse Bartolomeu durante teleconferência sobre os resultados da empresa, seria alcançado a partir de ativos que a empresa já tem.
Segundo ele, em uma base de custos completamente diferenciada projetada pela empresa, e com uma oportunidade de crescer a produção e o preço saindo de 12/13 mil dólares/tonelada para 18/20 mil dólares, é possível entender a "oportunidade do negócio".
Na semana passada, o CEO da companhia já havia citado uma expectativa de 20 mil dólares por tonelada para o preço do níquel para voltar a investir no negócio.
Schvartsman, também na teleconferência nesta quinta-feira, afirmou que a Vale hoje já tem uma "visão mais clara" sobre o negócio de níquel.
O níquel será fator chave para área de metais básicos ganhar mais participação nos resultados da empresa, a maior produtora global de minério de ferro.
"Nossa expectativa é que em 2020 a área de metais básicos tenha um salto expressivo de resultados pela combinação de provável recuperação de preços, provável importante redução de custos e salto de volume que a companhia terá...", disse Schvartsman.
Enquanto isso, em meio a uma reestruturação, a Vale tem cortado projeções de produção do metal.
Tais cortes vêm ocorrendo desde que o CEO assumiu a empresa enquanto os preços estão fracos.
E a redução na produção deve se manter em 2019, antes de registrar um forte aumento em 2020, segundo Schvartsman.
No início do ano, dentro de sua estratégia de diversificação, o presidente da empresa previa elevar a participação da divisão de metais básicos nos resultados da companhia a 30 por cento até o fim de 2019.
Schvartsman disse ainda que a Vale terá notícias sobre a mina de níquel da Nova Caledônia "proximamente", mas não entrou em detalhes sobre o projeto para o qual a empresa chegou a procurar um parceiro.
FOCO NO ACIONISTA
Com foco em ganhos para seus acionistas, a Vale vai investir em projetos que tragam retornos expressivos para a mineradora e que exijam aportes modestos, reiterou Schvartsman, durante teleconferência.
O comentário vem um dia depois de a Vale ter anunciado a aprovação de investimentos de 1,1 bilhão de dólares para a expansão da mina de cobre Salobo, no Pará, em movimento que busca ampliar a produção do metal em meio a expectativas de maior demanda com o desenvolvimento das baterias.
"Minério de ferro apresentará resultados crescentes ao longo dos próximos trimestres enquanto metais básicos está se preparando para o horizonte de 2020", destacou o CEO.
As previsões ocorrem em meio a um aumento do fluxo de caixa livre da empresa, que deverá atingir 10 bilhões de dólares em 2018, quase o triplo do registrado no ano passado, muito em função dos ganhos que a Vale vem obtendo com seu minério de ferro de alta qualidade e a forte demanda da China.
O executivo reafirmou nesta quinta-feira que o foco da empresa no horizonte de curto prazo é o pagamento de dividendos, eventualmente recompra de ações, além de possíveis investimentos orgânicos e aquisições, que gerem rentabilidade.
"Nós só faremos investimentos que tenham expectativa de retorno muito significativo, obviamente isso reduz a quantidade de investimentos que nós faremos, o que tende a fazer com que a gente possa perenizar pagamento de dividendos mais encorpado", disse o executivo.
A Vale registrou lucro líquido atribuído ao acionista de 5,75 bilhões de reais no terceiro trimestre, queda de 19,5 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado, sob impacto do câmbio, apesar do forte resultado operacional guiado pela demanda da China por seu minério de ferro de melhor qualidade.
(Por Marta Nogueira, Alexandra Alper e Roberto Samora)