SÃO PAULO (Reuters) - A produção de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil em maio saltou 27,4% ante o fraco mês de abril, impulsionada em parte pela preparação da indústria automotiva do país para ter estoques para atender à redução de preços prevista pelos benefícios aprovados pelo governo federal na véspera, de acordo com a associação de montadoras, Anfavea.
A produção de maio somou 227,9 mil unidades, e a venda de novos cresceu 9,8% no mesmo período, a 176,5 mil, informou a entidade nesta terça-feira.
Mas na comparação com maio do ano passado, a produção subiu 10,7%, pressionada por tombo de quase 40% no volume de caminhões, cujas vendas recuaram 21% no período, em parte pressionadas pela entrada em vigor de regras mais restritivas de emissões de poluentes que encareceram os veículos. O volume de ônibus produzido também teve forte queda em maio sobre um ano antes, de 35,4%.
Já licenciamentos mostraram baixa de 5,6% no mês passado ante maio de 2022. Em ônibus, houve crescimento anual de 32% nesta comparação.
No acumulado do ano, a indústria mostra alta de 6,2% na produção, a 943 mil veículos, e vendas de 809 mil unidades, crescimento de 9,3% sobre os cinco primeiros meses de 2022.
BENEFÍCIO
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, afirmou em apresentação à imprensa que o setor espera uma corrida às lojas a partir desta terça-feira, após a publicação da Medida Provisória pelo governo federal que promete baratear automóveis, caminhões e ônibus.
"O mercado deve ter um crescimento considerável por corrida de clientes para efetivarem as compras com os descontos anunciados", afirmou.
A apresentação foi acompanhada pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que afirmou que o governo "está muito otimista com a resposta dos consumidores" e que os descontos nos preços dos veículos vão variar de 2 mil a 8 mil reais. A duração prevista do programa é de quatro meses.
Na avaliação do diretor de desenvolvimento de negócios, da consultoria automotiva Jato do Brasil, Milad Kalume Neto, o prazo da medida é curto e a tendência é que ele possa ser prorrogado. Ele citou como exemplo para isso o valor do incentivo tributário para a venda de carros, de 500 milhões de reais.
"Se tivermos 100% das vendas concentradas nos veículos de entrada, estaríamos falando que os 500 milhões de reais, com 8 mil reais de desconto, abrangeriam 62,5 mil veículos no período", disse Kalume Neto, citando que o setor está pressionado por juros altos e crédito baixo.
O presidente da Anfavea afirmou que a expectativa em torno da MP sobre o desconto dos carros acabou "esfriando" as vendas no final de maio, com consumidores preferindo postergar a compra.
Outro efeito da expectativa sobre o anúncio do governo foi uma aceleração da produção pelas montadoras em maio e com isso os estoques tiveram um salto no mês passado, para 251,7 mil unidades, ante 206,1 mil em abril. Porém, segundo a Anfavea, desse volume, apenas 115 mil unidades estão aptas ao benefício aprovado pelo governo.
A entidade avalia que, se não fosse o efeito do adiamento das compras, as vendas de maio teriam sido de 204 mil unidades, ante 187 mil em maio do ano passado.
Segundo a Anfavea, as exportações de maio caíram 3,7% na relação anual, para 44,3 mil veículos, pressionadas por recuos nos mercados de Colômbia e Chile. Com isso, as vendas externas acumulam baixa de 4,2% de janeiro ao mês passado, para 190,6 mil unidades.
(Por Alberto Alerigi Jr.)